Uma das consequências da destruição de habitat, através do desenvolvimento das atividades humanas, é a fragmentação dele, ou seja, um habitat no seu tamanho original é dividido em tamanhos menores, geralmente com perda de áreas e isolamento desses fragmentos, transformando a paisagem. E essa fragmentação pode ocorrer mesmo quando a paisagem não é tão alterada, por exemplo, com a instalação de cercas, muros, passagem de tubulações, estradas e rodovias, etc.
Causas
A fragmentação de habitat pode ocorrer por meios naturais, com algum tipo de desastre, ou pode ser causada por atividades humanas que degradam o ambiente, como a agricultura, a pecuária, exploração de madeira, queimadas, construções de estradas, construções civis, urbanização, etc.
Consequências
A fragmentação de uma paisagem, muda as condições de vento, umidade, entrada de sol, ou seja, o microclima é alterado, levando ao que chamamos de efeito de borda, que traz mudanças ecológicas. Além disso, a distância do centro do fragmento é alterada, aproximando mais das bordas, em relação a quando era um pedaço contínuo e grande. As espécies climácicas vivem em condições ambientais e climáticas diferentes das plantas de borda, não tolerando muito sol e vento e acabam morrendo. O efeito é o aumento de plantas pioneiras. Essa mudança na complexidade da paisagem, leva a um empobrecimento da qualidade de habitats e quanto menor um fragmento, mais efeito de borda ele apresentará.
Há estudos sobre a extensão e padrão de fragmentação que vão indicar a configuração, formato e distribuição dos fragmentos, podendo dar o diagnóstico dos efeitos da fragmentação e o efeito de borda. Dependendo do formato e da distância entre os fragmentos, os efeitos na composição de espécies podem ser menores.
Além de causar o efeito de borda que altera a estrutura e composição de espécies de flora que vai se instalar no entorno do fragmento, a divisão da área influencia a fauna que a povoa, para espécies que se adaptam bem a esse tipo de ambiente. Geralmente, a fauna do interior das matas é especialista e se adaptou a viver bem camuflada, naquele tipo de ambiente e temperatura. As transformações ambientais afetam as taxas de reprodução e sobrevivência das espécies, podendo levar ao declínio populacional.
Muitas espécies de aves, insetos e até de mamíferos não atravessam faixas dentro da mata para o outro lado. Isso é uma ameaça, uma vez que dificulta a dispersão da população. Como tudo na natureza está interligado e mantém o equilíbrio, os fragmentos dificultam a movimentação da fauna e consequentemente a dispersão de sementes e polinização. Este isolamento de espécies pode levar a diminuição da variabilidade genética delas e até mesmo à extinção de algumas, por não conseguirem se dispersar para recolonizar novos fragmentos.
Todas essas consequências levam à perda de biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. As interações ecológicas podem ser descompensadas, como por exemplo, com a perda de grandes predadores, há aumento de mesopredadores e consequentemente diminuição de suas presas, ameaçando espécies à extinção.
O tipo de matriz (paisagem alterada que permeia os fragmentos) também influencia os efeitos da fragmentação. Áreas reflorestadas, por exemplo, permitem maior biodiversidade nas bordas, do que áreas extensas de pastos entre os remanescentes de vegetação natural.
Amenizando os efeitos
A medida mais eficaz para combater a fragmentação de habitat é a proteção dos remanescentes e replantio de espécies nativas. A longo prazo, essas ações contribuem para biodiversidade, uma vez que a natureza é muito resiliente. A criação de unidades de conservação é um passo importante para manutenção desses ecossistemas.
A gestão e manejo das áreas fragmentadas é essencial para contribuir com a biodiversidade. Nas áreas protegidas, podem ser feitas as zonas de amortecimento, que suavizam os impactos antrópicos e de efeito de borda entre a matriz e o fragmento. Existe ainda uma ferramenta, chamada de corredor ecológico, que ligam os remanescentes, permitindo a migração de espécies, contribuindo para o fluxo gênico, aumentando a viabilidade das populações e a recolonização de novas áreas.
Referências:
Laurance, W. & Vasconcelos, H. 2009. Conseqüências Ecológicas da Fragmentação Florestal na Amazônia. Oecologia Brasiliensis 13.
PRIMACK, Richard; RODRIGUES, Efraim. Biologia da Conservação. Londrina: E. Rodrigues, 2001.
PIRES, A.S., FERNANDEZ, F.A.S. & BARROS, C.S. 2006. Vivendo em um mundo em pedaços: Efeitos da fragmentação florestal sobre comunidades e populações de animais. In. Biologia da conservação: essências (C.F.D. Rocha, H.G. Bergallo, M.Van-Sluys & M.A.S. Alves, eds) RiMa Editora, São Carlos, p.231-260.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fragmenta%C3%A7%C3%A3o_de_habitat
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