A Revolução Francesa, iniciada em 1789, foi desencadeada pela insatisfação do Terceiro Estado com a forma como a monarquia conduzia a França à época. No sistema absolutista francês, os privilégios de uma pequena parcela da população geraram uma crise econômica, política e social no reino que motivou a revolução.
Derrubada a monarquia, o período revolucionário passou por diversas fases durante todo o século XVIII. Em alguns momentos, seu teor foi mais radical e popular; em outros, foi controlado pela burguesia.
A última fase da Revolução, o período do Diretório, teve início em 1794, com a retomada do poder pela burguesia após a queda dos jacobinos – que controlavam a França desde 1793. Nessa fase, os conflitos entre o governo, os realistas e os jacobinos levaram a mais uma crise dentro do período revolucionário. Nela,
Buscando conter as tentativas de derrubada do poder e manter a ordem interna, o Diretório solicitou o auxílio do exército, o qual, no mesmo período, estava obtendo em campanhas militares fora da França – que buscaram expandir as fronteiras do país e levaram à conquista de novos territórios.
Nesse processo, o jovem general Napoleão Bonaparte (1769-1821) ganhou destaque, e passou a ser visto como a figura que poderia restabelecer a ordem. Fortalecido, em 9 de novembro de 1799, Napoleão, com o apoio de alguns membros do Diretório, deu um golpe de Estado na França, o golpe do 18 Brumário.
Com a chegada de Napoleão ao poder, o período revolucionário foi encerrado. O Consulado, órgão formado por três cônsules dos quais Napoleão, o primeiro-cônsul, detinha a maior parte do poder.
Após diversas realizações, como a criação de um código civil, e alguns plebiscitos que o ajudaram a concentrar mais poder em suas mãos, Bonaparte foi aclamado imperador da França em 1804, com o título de Napoleão I.
Uma das principais marcas da Era Napoleônica, iniciada quando Napoleão chegou ao poder, foi o expansionismo bonapartista, que buscou conquistar áreas na Europa e fora dela, expandindo o Império Francês por meio da anexação de diferentes regiões.
Na tentativa de conter esse expansionismo e seus desdobramentos, diversas nações europeias formaram alianças contra a França para enfrentá-la nas Guerras Napoleônicas, formadas por diferentes fases, iniciadas ainda antes de Napoleão ser aclamado imperador.
França e Reino Unido disputavam a hegemonia na Europa. Em 1802, assinaram o Tratado de Amiens com o intuito de promover a paz entre si. Porém um ano depois, o acordo foi rompido, e teve início uma nova etapa de conflitos entre as duas nações. Na chamada Guerra da Terceira Coalizão, datada de 1803, Áustria, Suécia e Rússia se uniram ao Reino Unido em oposição ao Império Francês.
No período, o início do século XIX, a França ocupava a República Batava (formada por parte do território da atual Holanda) e a Confederação Suíça. Além disso, Napoleão havia se declarado Rei da Itália, o que fez com que as nações mencionadas, cada uma com seus próprios interesses, se unissem ao Reino Unido para combater a expansão francesa.
Após algumas batalhas, a guerra foi encerrada no final de 1805. A França manteve seu domínio por diversas regiões da Europa.
Logo em seguida, em 1806, as Guerras Napoleônicas vivenciariam outra de suas fases: a Guerra da Quarta Coalizão, formada por Reino Unido, Prússia, Suécia, Saxônia e Rússia contra a França. A principal motivação dos conflitos foi a formação da Confederação do Reno, em meados de 1806, por Napoleão Bonaparte, composta por dezesseis estados alemães e incorporada ao Império Francês.
Um importante episódio dessa fase foi a Batalha de Friedland, em 1807, na qual França e Rússia de enfrentaram. Uma de suas principais consequências foi a conquista de novas regiões por Napoleão, como parte da Suécia, e a criação do Ducado de Varsóvia (1807). É dessa fase, também, o Bloqueio Continental (1806), estabelecido como estratégia para enfraquecer a Inglaterra economicamente para facilitar sua conquista.
É datado de 1807, também, o início da Guerra Peninsular, que opôs a França ao Reino Unido, Espanha e Portugal, motivada pela ocupação francesa do território português e tentativa de conquista de regiões espanholas. Enquanto o conflito ocorria, a Quinta Coalizão foi formada, em 1809, unindo a Áustria e o Reino Unido contra a França em diversas batalhas.
Embora enfraquecida pela Guerra Peninsular, a França venceu a Guerra da Quinta Coalizão, estabelecendo um tratado, em 1809, pelo qual a Áustria pagaria uma indenização à França, além de ceder territórios ao Império Francês.
No ano seguinte, em 1810, a Rússia voltou a estabelecer relações comerciais com a Inglaterra, rompendo o Bloqueio Continental imposto por Napoleão – que estabelecia a proibição do comércio entre nações europeias e a Inglaterra. As nações que não aceitassem a medida seriam invadidas pelas tropas napoleônicas. Foi o que ocorreu com a Espanha e com Portugal – o que levou a família real portuguesa a fugir para o Brasil, sua colônia americana. Como reação à determinação do czar, a França enviou mais de meio milhão de soldados à Rússia em 1812.
No mesmo ano, a Rússia, juntamente com a Áustria, a Prússia, a Suécia, o Reino Unido e alguns Estados alemães formaram a Sexta Coalizão contra a França. Enfraquecida pela campanha na Rússia, a França foi derrotada, e Paris invadida em 1814. O Tratado de Fontaineblau, estabelecido na ocasião, determinou a abdicação de Bonaparte ao trono e o exilou na Ilha de Elba.
Com a queda de Napoleão, em 1814 tiveram início as atividades do Congresso de Viena, no qual as principais monarquias europeias buscaram restaurar o Antigo Regime no continente e reaver as terras perdidas durante a expansão napoleônica.
Porém, a fuga de Bonaparte da Ilha de Elba, em 1815, e seu retorno à França, onde assumiu o poder novamente, levou à formação de uma nova coalizão por Reino Unido, Áustria, Holanda, Suécia, Suíça, Prússia e Rússia.
Em um cenário de batalhas no qual as tropas de Napoleão estavam em desvantagem em relação ao exército composto pelas nações opositoras, a França foi derrotada na Batalha de Waterloo, na Bélgica, em 1815, e as Guerras Napoleônicas chegavam definitivamente ao fim.
Referências:
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Editora Unesp, 2007.
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