A ascensão do Capitalismo se deu no período histórico das Revoluções Industriais dos séculos XVIII e XIX, de modo que o sistema econômico da época é chamado de Capitalismo Industrial, que surgiu porque Feudalismo e Mercantilismo não haviam atendido a demanda por bens de consumo e empregabilidade que só crescia.
Antes do Capitalismo Industrial, o número de empregos era extremamente limitado, tanto na agricultura como nas artes e demais trabalhos manuais. Para piorar, existiam corporações que arrochavam ainda mais a oferta de emprego, as quais eram compostas pelos profissionais ativos que impunham uma série de restrições para o exercício do trabalho.
O Capitalismo Industrial mudou as relações de poder econômico dominantes. Enquanto os reis, duques e lordes eram poderosos pelo governo hereditário de sua origem nobre, aqueles que ficaram conhecidos como reis da indústria precisavam servir para obterem e manterem suas posições. “O rei do chocolate – ou do aço, ou do automóvel, ou qualquer outro rei da indústria contemporânea – depende da indústria que administra e dos clientes a quem presta serviços. Esse “rei” precisa se conservar nas boas graças dos seus súditos, os consumidores: perderá seu “reino” assim que já não tiver condições de prestar aos seus clientes um serviço melhor e de mais baixo custo que o oferecido por seus concorrentes”, explica o economista Ludwig von Mises.
Mas como esses “reis” da indústria se estabeleceram? Aqui encontramos outro traço do Capitalismo Industrial: A mobilidade social. Em geral, os grandes donos das indústrias eram originários da mesma classe social que seus operários. Eles costumavam ser plebeus e de classes baixas, e acumularam riqueza quando empreenderam quebrando os padrões da época. No Mercantilismo, as pessoas tinham o preconceito de que máquinas desempregavam trabalhadores. Preconceito este que era intensificado pelas políticas dos governos.
Como já é mundialmente conhecido, o uso de máquinas é uma das marcas do estruturação econômica da época. O que nem sempre é enfatizado é que a Europa estava infestada de párias na sociedade: pessoas muito pobres que viviam da caridade alheia, se tornavam prostitutas, moradoras de ruas, ou ganhavam algum trocado “aqui e ali” trabalhando nas fazendas, mas essas oportunidades eram raras e os fazendeiros costumavam pagar pouco. Outras ainda ingressavam no serviço militar, mas acabavam morrendo em combates ou voltado inválidas ou doentes. Os indivíduos que investiram na produção maquinaria empregaram esses pobres que outrora eram párias. Deste modo, o preconceito contra a industrialização foi diminuindo, e os governantes foram reduzindo as burocracias que atrapalhavam os negócios.
Esses pobres deixaram de ser párias e passaram a ter pouco a pouco a sua dignidade econômica, tornando-se cidadãos empregados. A empregabilidade no Capitalismo Industrial foi amplamente criticada por causa da insalubridade das fábricas. De fato, as circunstâncias de trabalho não eram das melhores, mas sem elas a condição dos trabalhadores seria ainda pior, ainda mais degradante situação de vulnerabilidade social.
Outro ponto crítico da empregabilidade da época foi a presença de mulheres e crianças nas fábricas. Mas cabe lembrar que os empregadores não bateram nas portas delas oferecendo emprego, elas foram às fábricas pedindo emprego porque estavam sendo oprimidas pela vulnerabilidade social, pela fome, especialmente quando os chefes de família não conseguiam sustentar suas casas sozinhos.
Como mostra a teoria da preferência temporal, o indivíduo age esperando melhorar a sua condição, procurando sair de uma menos satisfatória para uma mais satisfatória. O trabalho nas fábricas para essas famílias representava melhora para viverem. Mais comida na mesa e bens de consumo proporcionou maiores possibilidades de sobrevivência para adultos e crianças, e só na Inglaterra, que em 1770 o número de habitantes correspondia 8,5 milhões, em 1830 a população chegou a 16 milhões. Melhores condições de trabalho vieram após a melhora das condições de vida.
As indústrias vendiam para os seus próprios trabalhadores. Essas fábricas produziam em massa, o que tornava os preços dos produtos mais baixos. Como relembra Mises, antes do Capitalismo Industrial a diferença entre ricos e pobres é que os pobres andavam descalços e os ricos calçados. Depois da ascensão do Capitalismo, os pobres usavam os calçados e roupas provenientes das fábricas que produziam em massa, enquanto os ricos usavam roupas de alfaiataria e sapatos feitos artesanalmente.
REFERÊNCIAS:
BIÉLER, André. O pensamento econômico e social de Calvino. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1ª edição, 1990, 35-37p.
HOPPE, Hans-Hermann. Democracia, o Deus que falhou. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 1 ª edição, 2014, 31-74p.
IORIO, Ubiratan Jorge. Dez lições fundamentais de economia austríaca. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises, 1ª edição, 2013, 17-21p.
MISES, Ludwig Von. A Ação Humana: Um tratado de economia. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 3.1ª edição, 2010, 555-567p.
MISES, Ludwig Von. A ascensão do capitalismo. Disponível em: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1701>. Acesso em 10 de abril de 2019.
MISES, Ludwig Von. As seis lições. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises, 7ª edição, 2009, 13-25p.
Mises, Ludwig Von. Fatos e mitos sobre a "Revolução Industrial". Disponível em: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1056>. Acesso em 10 de abril de 2018.
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