O gênero suspense tem sua origem atrelada aos textos jornalísticos de publicações inglesas (século XIX) que abordam tragédias e crimes não solucionados. Os norte-americanos aprimoram as notícias inglesas incluindo em seu enredo a figura do policial, do ex-condenado, mas é com o escritor Edgar Allan Poe que as narrativas de suspense ganham contornos literários.
Poe cria a figura do detetive como protagonista de seus textos policiais. O investigador é o responsável por conduzir o leitor por um labirinto repleto de mistério e suspense, elementos que ajudam a manter a atenção dos leitores.
O suspense prende a atenção porque tudo o que acontece posteriormente na trama está diretamente relacionado com o que se apresenta anteriormente, isto é, diante de um assassinato o esperado é a sua resolução, mas para entender o desfecho, é necessário retomar os fios inicias que antecedem ao crime, mas que só são revelados a posteriori.
As obras de suspense são aquelas que provocam a hesitação da respiração do leitor/público uma vez que seu enredo é estruturado a partir de cortes repentinos, provocadores do susto. O inesperado e a surpresa são os elementos que atestam a razão de ser do gênero, afinal, não há como estabelecer o suspense com situações esperadas ou que já foram reveladas.
A curiosidade humana é a engrenagem principal para que livros, filmes, peças e séries de suspense sejam tão populares. Desvendar enigmas ou solucionar casos, sempre desafia o imaginário e desperta interesse. Não à toa, muitos dos demais gêneros como o terror, o horror e as grandes sagas, comumente lançam mão dos artifícios do suspense.
Esperar pelo inesperado é muito interessante para a construção literária, pois permite que os escritores estendam a narrativa, adiem o contar por meio de estratégias artísticas que pode ser um detalhamento maior da cena, a fim de realizar um rompimento abrupto do fio narrativo, e instaurar, a partir daí, a suspensão da história.
Inúmeros autores se destacam por suas narrativas de suspense, sendo alguns deles: Harlan Coben, Sem deixar rastros; Lúcia Machado de Almeida, O Escaravelho do Diabo, Michael Connelly, O Poeta e Dan Brawn, O Código da Vinci. Todos eles trabalhando com várias ocorrências de clímax ao longo das histórias, o que aumenta ainda mais os picos de tensão.
No cinema, o suspense alcança enorme destaque sendo um dos gêneros preferidos do público. O grande responsável pela divulgação e manutenção das produções do suspense cinematográfico é Alfred Hitchcock, considerado o mestre maior por sua criatividade e sua construção de enredos primorosos, sendo alguns destaques: Psicose, Os Pássaros, Um corpo que cai e Janela Indiscreta.
Referências:
SILVA, Odair José Moreira da. O suplício na espera dilatada: a construção do gênero suspense no cinema, 2011, 168. Tese (Doutorado em Linguística Geral). USP, São Paulo, 2011.
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