Narratologia

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O termo narratologia é de origem francesa e passa a ser conceituado a partir da utilização de Tzvetan Todorov, sendo posteriormente difundido por Umberto Eco. A fim de analisar e descrever a estruturação e o desenvolvimento da narrativa a narratologia observa quais elementos as narrativas possuem em comum e quais componentes as diferenciam.

Os narratologistas, normalmente partindo de uma análise de cunho estruturalista, contemplam de maneira isolada cada elemento que compõe os textos narrativos. A partir desse enfoque, é possível perceber que o universo narrativo contém certas regras que o aproximam do próprio universo humano, de maneira recriada pela linguagem literária.

Vladimir Propp, formalista russo, embora tenha estudado uma quantidade restrita de narrativas, chama a atenção dos estudiosos para uma possível estrutura genérica da narrativa. Partindo da teoria de Propp, muitos pesquisadores investem em tentar encontrar quais seriam as funções (componentes estruturais fixos) da narrativa.

As análises de Claude Lévi-Strauss sobre a narratologia do mito merecem destaque. Para o teórico, os mitos possuem uma lógica estrutural e isso não advém dos elementos externos (temáticas ou a oralidade das comunidades), mas se trata de uma organização interna a qual ele atribui o significado de gramática narrativa. Isto é, as narrativas que tratam de mitos possuem, todas elas, um conjunto de regras que pairam sob a superfície narrada.

Esse conceito é aprofundado por A.J. Greimas que defende haver nas narrativas uma espécie de gramática universal. Ao invés de usar o termo funções - de Propp, Greimas inaugura o conceito de actante, ou seja, a pessoa responsável pela movimentação dramática das narrativas, sendo os três pares opostos: sujeito/objeto; locutor/destinatário; ajudante/oponente.

A narratologia avança consideravelmente após os estudos de Gérard Genette, que parte do texto de Marcel Proust para postular sua teoria literária de que as narrativas contêm: discurso (ordem cronológica dos acontecimentos), história (sequência dos acontecimentos) e narração (a ação do autor de narrar). Vale mencionar que o destaque para a importância do narrador, como condutor da narrativa, é consequência da sistemática pensada por Genette.

Em estudos mais contemporâneos, nomes como Lotman e Gerald Prince postulam análises pós-estuturalistas ao considerarem que a narratologia deve incorporar os acontecimentos sem, contudo, deixar de analisar os elementos formais do texto. Desta forma, a narratologia deve dar conta de dois grandes questionamentos “o quê” e “como”.

De acordo com Roland Barthes, existe um modelo básico e comum a todas as narrativas no que diz respeito à estrutura formal, porém, a estruturação é uma faceta da análise narratológica que deve considerar que além do narrador outras vozes são de igual relevância na construção do tecido narrativo: a voz do leitor, a voz literária, a voz da leitura.

A reverberação dos estudos narratológicos ganha a cada dia uma direção e uma conceituação diferentes. Alguns estudiosos começam a observar o plano causal e cronológico da narrativa; há a criação de uma gramática do enredo que se vincula, inclusive com a ideia de inteligência artificial; as análises olham para a narrativa como processo e não como um produto.

Isso tudo permite que pesquisadores como Susan Lanser defendam que existam fundamentos narratológicos específicos para cada contexto. No caso de Lanser, a afirmação da existência de uma narratologia feminina. Desta forma, a teoria de Prince que considera o contexto narrativo como parte integrante da narrativa, continua relevante.

Referência:

ALVES, Jorge. Narratologia. E-Dicionário de termos literários de Carlos Ceia. Disponível em: <http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/narratologia/>. Acesso em 28 fev. 2019.

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