Corais da Amazônia

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Recifes de corais são ecossistemas marinhos formados pelo acúmulo de esqueletos calcários de corais, que abrigam uma biodiversidade muito rica, incluindo algas e diversos animais, entre eles esponjas, peixes, crustáceos, equinodermos etc. Geralmente, recifes são encontrados em águas cristalinas, bem iluminadas, rasas e mornas. Entretanto, foi descoberto na década de 2010 um extenso recife de corais em um local totalmente inesperado para abrigar esse tipo de ecossistema.

Os corais da amazônia, como ficaram conhecidos, ocorrem próximos à foz do rio Amazonas, local onde esse rio — o maior do mundo — deságua no oceano Atlântico. O que torna a região tão improvável para a existência de recifes de corais são as águas turvas, com pouca luminosidade, em função dos muitos sedimentos e matéria orgânica trazidos pelo rio.

A suspeita de que poderia haver um recife escondido sob as águas turvas que o rio Amazonas lança no oceano Atlântico já existia, pois peixes e esponjas característicos desses ambientes já haviam sido coletados na região nos anos 1970. Entretanto, mesmo assim a região permaneceu por muito tempo “esquecida”.

Um novo cruzeiro científico na região foi realizado em 2012, mas seu foco não era a busca pelos corais. Ainda assim, pesquisadores conseguiram coletar alguns organismos que deram pistas importantes sobre a existência do novo recife, mas ainda insuficientes para se “bater o martelo”. Além de outros animais típicos de recifes, coletaram também alguns corais — que são justamente os organismos que formam a estrutura dos recifes.

A confirmação veio apenas em 2014, quando foi realizada uma nova expedição, com foco exclusivamente na busca pelos corais, que resultou na coleta de diversas espécies recifais. Os achados da expedição foram publicados em 2016, em um artigo na revista científica Science Advances. Mesmo tendo sido descoberto há tão pouco tempo e apenas uma pequena porção (5%) de toda sua extensão tenha sido explorada, cientistas já catalogaram 40 espécies de corais, 60 espécies de esponjas — das quais 29 são potencialmente novas —, 73 espécies de peixes, além de lagostas, estrelas-do-mar etc.

No início de 2017, o Greenpeace levou até região o Esperanza, seu maior navio, equipado com um submarino para capturar as primeiras fotos subaquáticas do recife recém descoberto — ocasião em que os corais da amazônia ganharam ampla atenção da mídia. Com base nas imagens obtidas, cientistas estimam que o recife é ainda maior do que se acreditava até então.

Os corais da amazônia são um ambiente totalmente novo ao conhecimento humano, com grandes chances de abrigar espécies novas. Entretanto, já estão ameaçados pelo interesse de algumas empresas explorarem petróleo na região, o que poderia ter consequências graves para este ecossistema. Segundo o Greenpeace, os estudos de impacto ambiental apresentados pelas empresas interessadas na exploração petrolífera são repletos de falhas, limitações e inconsistências técnicas. Por conta disso, a organização criou uma grande campanha chamada “Defenda os Corais da Amazônia” para pressionar as empresas a cancelarem seus planos de exploração de petróleo na foz do Amazonas.

Referências:

Corais da Amazônia: “cada mergulho é um flash”. Greenpeace. Acesso em: 09/2018.

Esteves, B. O recife que ninguém viu. Piauí. 2016.

Greenpeace Brasil. Amazônia em águas profundas: como o petróleo ameaça os corais da Amazônia. 2017.

Moura, R. et al. An extensive reef system at the Amazon River mouth. Science Advances. 2016.

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