Os recifes de corais são ecossistemas marinhos que abrigam uma imensa biodiversidade, sendo muitas vezes considerados os equivalentes marinhos das florestas tropicais. Os organismos que predominam nos recifes, como o nome já deixa óbvio, são os corais, organismos marinhos portadores de um esqueleto calcário. Os corais têm uma associação simbiótica com algas microscópicas que vivem em seus tecidos, as chamadas zooxantelas.
A relação estabelecida entre estes animais é positiva para ambos: enquanto os corais fornecem abrigo e nutrientes (sob a forma de resíduos metabólicos) para as algas, estas retribuem produzindo, através da fotossíntese, produtos essenciais para suprir as necessidades energéticas dos seus hospedeiros. As algas também são responsáveis por produzir pigmentos fotossintéticos que são responsáveis por uma grande variedade de cores exibidas pelos corais. No entanto, na presença de fatores de estresse ambiental, como o superaquecimento das águas ou poluição, os corais perdem as zooxantelas e, consequentemente, as cores que elas lhes dão, tornando-se desbotados. Este fenômeno é conhecido como branqueamento de corais (em inglês, coral bleaching).
O branqueamento por si só não é responsável pela morte dos corais, mas, sem as algas, estes organismos perdem sua fonte primária de alimento, ficando enfraquecidos e mais suscetíveis a doenças, o que pode culminar na sua morte. O branqueamento de corais é um processo natural que ocorre de tempos em tempos sem consequências drásticas para os recifes. O problema é que estes eventos vêm se tornando cada vez mais frequentes em função do aquecimento global, alta incidência de luz, variações de salinidade e de diversas outras perturbações ambientais causadas ou intensificadas pelas atividades humanas.
A morte dos corais é também a “morte” do recife, pois sem estes animais todo o ecossistema entra em colapso e se torna apenas uma estrutura física praticamente sem vida. Os peixes e outros seres vivos que habitam os recifes dão lugar a algas de crescimento rápido que se alimentam dos corais em decomposição.
Corais do mundo todo vêm sofrendo com o processo de branqueamento. O maior sistema de recifes de corais do mundo — a grande barreira de corais da Austrália — perdeu mais de 50% da sua cobertura entre 1985 e 2012. No Brasil, felizmente, o efeito do branqueamento não é tão drástico como na Austrália. Uma das hipóteses é o que a maior turbidez das águas brasileiras atue como um filtro solar, protegendo nossos corais. O tipo de zooxantela que cada espécie de coral abriga em seus tecidos também pode influenciar no branqueamento, já que há espécies mais resistentes que outras.
Referências
Bruckner, A. Colorful Corals. Khaled bin Sultan Living Oceans Foundation. 2013.
Escobar, H. Recifes em risco. Estadão. 2016.
Julião, A. Par perfeito. Pesquisa Fapesp. 2017.
Ruppert, E. et al. Zoologia dos Invertebrados. 7ª ed. São Paulo: Editora Roca. 2005.
What is coral bleaching? National Oceanic and Atmospheric Administration. Acesso em: 09/2018.
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