O tatu é um mamífero bem curioso e com uma forma bastante distinta. Todas as vezes que ouvimos a palavra tatu, já imaginamos um animalzinho com carapaça, grandes unhas, escavador e baixinho. Os tatus são membros da ordem Cingulata, do latim cingulum, que significa “cintados”. Esse termo se refere às “cintas” que são as dobras da carapaça dos tatus. O nome tatu vem do tupi ta’tu, cujas raízes etimológicas ta = carapaça e tu = encorpado, ou seja, um animal encorpado e com carapaça.
Os tatus pertencem à linhagem dos Xenarthra, que foi a única linhagem de mamíferos placentários que surgiu na América do Sul, ou seja, os tatus são latino-americanos desde as suas primeiras linhagens surgirem no Planeta Terra.
Um dos antepassados dos tatus, o gliptodonte podia alcançar tamanhos maiores que um carro pequeno.
Características
Sendo assim, tatus ocorrem na América do Sul, América Central e apenas uma espécie, o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), ocorre na América do Norte, e não por ser sua distribuição original, mas porque ao longo do tempo a espécie se dispersou e alcançou este território. Tatus apresentam basicamente o mesmo plano estrutural. Os membros são curtos e fortes, com grandes unhas nas extremidades adaptadas para escavar, o tórax e o abdômen são robustos e atarracados e a cabeça é pequena. As orelhas podem ser grandes, caso dos tatus do gênero Dasypus e Cabassous, ou pequenas, caso dos gêneros Euphractus, Tolypeutes e Priodontes. O dorso é protegido por uma carapaça formada pela sobreposição de escamas dérmicas, muito rígidas, que conferem aos tatus proteção contra predadores e contra o substrato quando estão escavando.
O tamanho das espécies varia, indo do menor tatu, o tatu-fada-rosa (Chlamyphorus truncatus) que alcança no máximo 15 cm de comprimento e 120 gramas de peso, até o imponente tatu-canastra (Priodontes maximus), que pode ultrapassar um metro de comprimento e pesar mais de 60 kg.
Hábitos alimentares
Os tatus são carnívoros, ou seja, se alimentam de outros animais. A grande maioria das espécies se alimenta apenas de invertebrados, como insetos, minhocas e pequenos aracnídeos, no entanto, algumas espécies como o tatu-peba (Euphractus sexcinctus), podem se alimentar de pequenos vertebrados, como anfíbios e roedores. Já foram vistos tatus-peba se alimentando inclusive de carcaças, até por isso ele também é chamado de tatu-de-cemitério.
Espécies de tatu
Existem, atualmente, 21 espécies de tatus, e só no Brasil, ocorrem 11 espécies e apesar de apresentarem o mesmo plano corporal, atarracado e com carcaças, existem muitas características particulares de cada espécie. As espécies mais conhecidas no Brasil são:
Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus): Espécie bem comum e caracterizada pelo seu crânio afinado e longas orelhas. Seu peso médio é de 3,6 kg.
Tatu-peba (Euphractus sexcinctus): também chamado de tatu-amarelo, pela coloração das suas escamas, ou tatu-de-cemitério, pelo hábito de se alimentar de carcaças. É mais pesado que o tatu-galinha, com peso médio de 5,4 kg.
Tatu-canastra (Priodontes maximus): o maior dos tatus de todo o mundo. Inconfundível pelo tamanho, e suas tocas podem caber uma pessoa adulta dentro. O peso médio é em torno dos 30 kg, mas há registro de espécimes que alcançaram 60 Kg.
Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus e Tolypeutes matacus): os famosos tatus-bola. São espécies pequenas, mas que possuem um comportamento bem interessante. Na iminência de perigo eles se enrolam formando esferas perfeitas, ficando assim, completamente protegidos dentro de duas carapaças. O peso médio das espécies de tatus-bola fica em torno de um à 1,5 Kg.
Ameaças
De todas as espécies de tatus existentes, 19% são consideradas em estado vulnerável de conservação. As maiores ameaças aos tatus são a caça e o desmatamento. Historicamente, os tatus sempre foram muito caçados pelas populações humanas para o consumo de sua carne. Além disso, algumas comunidades acreditam que suas carapaças tem função medicinal, extraindo-as para a manufatura de remédios. O fato é que os tatus exercem uma importante função ecológica na ciclagem de nutrientes, ao revolverem o solo com suas escavações, sendo assim, retirar os tatus causaria um grande problema ecológico devido à diminuição na absorção de nutrientes pelo solo.
Referências
Abba, A. M., & Superina, M. (2010). The 2009/2010 armadillo red list assessment. Edentata, 11(2), 135-185.
Paglia, A.P.; Fonseca, G.A.B.d.; Rylands, A.B.; Herrmann, G.; Aguiar, L.M.S.; Chiarello, A.G.; Leite, Y.L.R.; Costa, L.P.; Siciliano, S.; Kierulff, M.C.M.; Mendes, S.L.; Tavares, V.C.; Mittermeier, R.A. & Patton, J.L. 2012. Lista anotada dos mamíferos do Brasil/Annotated checklist of Brazilian mammals. 2. ed. Arlington, Conservation International
Superina, M., & Loughry, W. J. (2012). Life on the half-shell: consequences of a carapace in the evolution of armadillos (Xenarthra: Cingulata). Journal of Mammalian evolution, 19(3), 217-224.
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