Infecção puerperal

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A infecção puerperal é considerada um tipo de infecção hospitalar, que tem origem no útero e acomete o aparelho genital após parto ou aborto recente. Trata-se então de qualquer infecção do trato genital, ocorrida durante o puerpério.

É uma infecção grave, é uma das principais causas de morbimortalidade materna.

A infecção puerperal pode ser polimicrobiana e os agentes patogênicos são microrganismo anaeróbios e aeróbios da flora do trato geniturinário e intestinal. O mais comum é o Streptococcus pyogenes.

As infecções pós-parto, quando não causam a morte, podem levar a outras complicações, como a doença pélvica inflamatória e a infertilidade. A endometrite é complicação frequente. Cerca de 10% das mortes maternas no mundo são atribuídas à sepse puerperal, que é considerada a terceira causa direta de mortalidade nesta população.

A sepse puerperal evolui de uma infecção do útero para uma infecção da cavidade abdominal.

Segundo a ANVISA, órgão responsável pela vigilância sanitária no país, entre os principais fatores de risco para a infecção estão:

  • Tempo de ruptura de membranas amnióticas ≥ 18h.
  • Presença de qualquer infecção, em especial do trato geniturinário.
  • Realização de procedimentos invasivos prévios, tais como procedimentos de medicina fetal e circlagem.
  • Toques vaginais, sobretudo após ruptura de membranas amnióticas.
  • Comorbidades maternas: obesidade, diabetes, anemia, imunossupressão.
  • Presença de restos ovulares.
  • Episiotomia.
  • Extração manual da placenta.
  • Laceração perineal de grau 3 e 4.
  • Hemorragia pós-parto.
  • Tricotomia com lâmina.
  • Baixo nível socioeconômico.
  • Má condição de higiene.
  • Alimentação inadequada.
  • Falta de acesso a serviços de saúde.
  • Pré-natal não realizado ou realizado de forma precária.

O parto vaginal apresentar menor risco de infecção puerperal, e quando comparadas as taxas de mortalidade materna, o parto cesariana apresenta três vezes mais chances do que quando comparado ao parto normal no entanto, a origem da infecção pode ser exógena relacionada ao procedimento propriamente dito e condições locais de higiene, ou endógena, relacionada à própria flora genital da paciente. O Brasil é um dos países com maiores números de partos cesarianos no mundo.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado entre as primeiras 24 horas até os 10 primeiros dias após o parto, baseado nos achados clínicos de temperatura acima de 38°C e dor.

Os testes laboratoriais de hemograma e hemocultura, análise da urina e cultura, exames de imagens, como raio-X e ultrassonografia, costumam ser solicitados.

Em alguns casos, como a endometrite refratária aos antibióticos, a culturas endometriais devem ser feitas.

Tratamento

O tratamento é realizado com antibióticos, geralmente a penicilina, e as práticas de higiene modernas tornam a sepse por Streptococcus pyogenes uma complicação rara.

Entre os antibióticos, a Clindamicina e gentamicina, com ou sem ampicilina considerados o padrão-ouro para o tratamento, sendo os mais empregados. Os antibióticos são aplicados até que o estado febril passe e a mulher não apresente mais os sintomas por um período de 48 horas.

Nos casos onde a febre persiste por mais tempo, outras condições podem estar associadas, como abscessos e tromboflebite pélvicos (especialmente se nenhum abcesso estiver visível nos exames),necessitando de exames complementares e um tratamento especifico.

O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível para evitar complicações como a sepse, que pode levar a morte.

Prevenção

Trata-se de uma infecção, então medidas preventivas são baseadas em minimizar os fatores de riscos associados. Lavar as mãos corretamente é uma delas.

O parto deve ser realizado com as medidas de segurança com as normas previstas que incluem rotinas técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização, quando aplicável, das superfícies, instalações, equipamentos e produtos para a saúde.

O parto vaginal deve ser realizado com medidas de assepsia adequadas.

Nas cesarianas, são indicados antibióticos profiláticos, antes da cirurgia, que podem reduzir até 75% dos casos de infecção.

Fontes:

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-eobstetr%C3%ADcia/cuidados-p%C3%B3s-parto-e-dist%C3%BArbios-associados/endometrite-puerperal

http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1356131734Infec%C3%A7%C3%A3opuerperal.pdf

https://www.segurancadopaciente.com.br/wp-content/uploads/2018/02/Caderno_8_Anvisa.pdf

Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção e Critérios Diagnósticos de Infecções Puerperais em Parto Vaginal e Cirurgia Cesariana/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2017.

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