A imigração italiana na região Sul brasileira em geral ocorreu em meio ao processo que costuma ser denominado Processo de Unificação Italiana, iniciado aproximadamente em meados do século XIX. Culminando na década de 1870, a união dos vários estados em um único Estado nação acabou por gerar uma crise econômica principalmente ao Norte. Por sua vez, isso ocasionou a vinda de várias levas de imigrantes ao Brasil pós lei Eusébio de Queirós em busca de ocupações remuneradas.
Apesar das primeiras povoações no Rio Grande do Sul, especificamente na província de São Pedro, terem surgido apenas em meados da década de 1870, então, a presença italiana no Sul do Brasil já era conhecida há séculos. Na época colonial, por exemplo, existiram habitantes das cidades italianas nas Missões; pouco antes no século XIX, a presença italiana também foi marcante na Revolução Farroupilha, que contou com nome como Giuseppe Garibaldi.
Especificamente na capital Porto Alegre, a presença italiana data de ao menos 1820. A imigração em larga escala, porém, só viria a ocorrer na década de 1870, quando seriam criadas as colônias Dona Isabel e Conde d’Eu, assim denominadas em homenagem à herdeira da Coroa brasileira e ao príncipe consorte. Até 1875, cerca de 4.000 colonos italianos chegaram na região, vindos principalmente de Piemonte, Lombardia e Vêneto, Cremona e Mântua. Após a demarcação de novos lotes pelo governo imperial, mais colonos chegaram para habitar colônias como Silveira Martins, Nova Prata, São Marcos, Antônio Prado e Flores da Cunha.
Entretanto, as colônias italianas no Brasil, ao contrário das alemãs, sofreriam significativas dificuldades desde esse período inicial, tendo que enfrentar inclusive desabastecimento alimentício devido às distâncias que as separavam de cidades próximas. Outra leva de colonos, esta contando com cerca de 60.000, chegaria em meados da década de 1880 por meio do Rio de Janeiro, de onde foram levados por meio do porto de Rio Grande até Porto Alegre.
Morando inicialmente em barracões, eles deveriam trabalhar compulsoriamente na construção de estradas antes de poder tomar posse de seu pedaço de terra, assim como de sementes e ferramentas agrárias. Muitos colonos escreviam aos conhecidos omitindo as dificuldades que enfrentavam, atraindo assim novos imigrantes para o Sul do Brasil. Até o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, estima-se que podem ter imigrado cerca de 100.000 italianos para os estados sulistas do Brasil.
A fertilidade das famílias italianas imigrantes tornou-se famosa, com a grande quantidade de descendentes de primeira e segunda geração produzidos até o século XX ajudando a explicar a alta porcentagem de indivíduos que alegam ter ancestrais italianos no Sul. Seriam estas famílias que estabeleceriam alguns dos hábitos alimentares mais arraigados no Brasil contemporâneo, como o consumo de pizza, massas, queijos, vinho, polenta, salames, pão e toucinho.
Procurando reencontrar em suas residências a influência natal, muitos italianos também implantaram costumes arquitetônicos como sótãos, porões e, principalmente, telhados inclinados, que visavam facilitar a retirada de uma neve incomum na região onde agora viviam. A prática da religião católica também é uma característica marcante da influência italiana no Sul em geral, com a popularização do uso do terço e a prática de procissões, além da grande participação educacional por parte de padres e freiras.
No Brasil, a lei no 11.687, promulgada em 2 de junho de 2008, define 21 de fevereiro como o Dia Nacional do Imigrante Italiano.
Leia também:
- Imigração italiana no Paraná
- Imigração italiana em Santa Catarina
- Imigração Italiana no Brasil
- Imigração para o Brasil nos séculos XIX e XX
- Imigração alemã no Rio Grande do Sul
Bibliografia
https://historia-do-rio-grande-do-sul.webnode.com/imigracao-italiana/
https://wp.ufpel.edu.br/museumaciel/imigracao-italiana-no-rio-grande-do-sul/
https://genealogiavalentini.blogspot.com/2009/01/chegada-dos-imigrantes-ao-rio-grande-do.html
https://projetoriograndetche.weebly.com/imigraccedilatildeo-no-rs.html
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao09/materia01/texto01.pdf
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