O Humanismo foi uma corrente intelectual iniciada no século XV que concebia o ser humano como o arquiteto do mundo. A partir desta perspectiva antropocêntrica, inspirada por trabalhos feitos durante a Antiguidade Clássica greco-romana, diminuía-se a relevância cultural do teocentrismo que dominava a sociedade europeia desde a Idade Média.
Como movimento intelectual, o Humanismo desconsiderava a alegação do método escolástico de ser um meio de pensamento crítico, valorizando em seu lugar a racionalidade. De acordo com o pensamento humanista, seriam os seres humanos a suprema criação divina, sendo assim capazes de sintetizar conhecimento por si próprios. Desta forma, o ser humano era, ao mesmo tempo, uma criatura e um criador do mundo, podendo assim agir como o arquiteto de sua existência.
A filosofia humanista, neste sentido, chocava-se com as expectativas da medievalidade. Embora a Idade Média tenha tido uma rica vida cultural, esta ainda era vinculada fortemente com a Igreja Católica, que ajudava a ditar as posições e comportamentos sociais conforme determinado por uma cultura que exaltava a submissão do ser humano a Deus. O Humanismo, porém, defendia a capacidade do homem em moldar seu destino. Assim procedendo, mudava não apenas o foco social do coletivismo para o individualismo, colocando no próprio ser humano a capacidade de alterar a realidade em que vivia sem depender do favor ou vontade divina, mas também o eixo inspirador para o alcance de novos conhecimentos. Neste sentido, eram os antigos sábios os vistos como as melhores bases para os ditos avanços.
Alguns dos exemplos mais significativos do pensamento humanista estão em “Discurso sobre a dignidade do homem”, obra de autoria de Giovanni Pico Della Mirandola. Considerado um dos primeiros livros da filosofia moderna, ele apresenta uma tese principal a respeito da criação ter ocorrido com Deus permitindo ao ser humano a especial liberdade de construir a si mesmo. Por meio desta emancipação, segundo o autor, o ser humano não pode ter um destino determinado, uma vez que é o próprio artesão que decidirá o que será, encontrando no processo a sua essência por meio da racionalidade fornecida por Deus.
Embora seja na articulação das temáticas, e não propriamente no argumento utilizado, onde se encontra a originalidade de Giovanni Pico Della Mirandola, o fato é que ele representa uma nova linha de pensamento que passou a ser adotada por diversos cientistas, pintores, filósofos e estudiosos em geral durante o início da Era Moderna – muito embora a maior parte da população europeia ainda vivesse marginalizada, longe de tais processos intelectuais e culturais. Devido a isso, podemos caracterizar o Humanismo, assim como seu movimento herdeiro, o Renascimento, como tendo ocorrido majoritariamente em meio à elite social-econômica europeia, que tinha os recursos e tempo para o auto aperfeiçoamento valorizado pelo Humanismo.
Um exemplo está em Leonardo da Vinci. Nascido em uma pequena vila perto de Florença, Leonardo estudaria durante a maior parte de sua vida até dominar uma impressionante variedade de ciências como a engenharia, a arquitetura, a escultura e a astronomia, aprendendo sozinho música, matemática, física e latim. Conseguindo amigos em altas esferas sociais devido às suas grandes capacidades intelectuais, ele se tornaria um dos artistas ocidentais mais festejados de todos os tempos, sendo um dos nomes do Renascimento mais reconhecido atualmente. Entre suas principais obras, encontram-se Mona Lisa, Virgem dos Rochedos e A Última Ceia.
Leia também:
Bibliografia:
FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira; FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo. “A nova medida do Homem”. In: Nova História Integrada – Ensino Médio Volume Único. Campinas: Companhia da Escola, 2005. pp. 108-109.
COTRIM, Gilberto. “Renascimentos e reformas”. In: História Global. São Paulo: Editora Saraiva, 2016. pp. 193-194.
LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “O Renascimento e a cultura na época do absolutismo”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 150-151.
http://apl.unisuam.edu.br/legis_augustus/pdf/ed1/Artigo_2.pdf
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