Asteroides próximos da Terra

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Os asteroides próximos da Terra, conhecidos como NEA, do inglês Near-Earth Asteroid, são uma população de asteroides que possuem orbitas com periélio (q) menor ou igual a 1,3 UA, ou um afélio (Q) maior ou igual a 0,983 UA. Essas características orbitais implicam que os asteroides próximos da Terra, em geral asteroides ou cometas inativos ou dormentes, cruzam ou se aproximam bastante da órbita do nosso planeta. O primeiro NEA a ser descoberto foi o asteroide Eros em 13 de agosto de 1898 pelo astrônomo alemão Gustav Witt. Desde então, a população de NEAs tem crescido constantemente, com uma taxa atual de cerca de 1500 asteroides por ano.

Asteroide Eros fotografado pela sonda espacial NEAR Shoemaker. Foto: NASA.

 

Asteroide 25143 Itokawa fotografado pela sonda japonesa Hayabusa.

A população de NEAs é extremamente importante tanto do ponto de vista científico como social e, portanto, é uma das populações mais interessantes de ser estudada. Algumas razões pelas quais os astrônomos estudam essa população é que, assim como os demais pequenos corpos do Sistema Solar (asteroides do cinturão principal, cometas e objetos transneptunianos), os NEAs guardam informações sobre os primeiros estágios da formação do Sistema Solar. Em particular, os meteoritos que caem na superfície da Terra trazem consigo informações sobre os estágios iniciais da Formação dos Sistema Solar em sua composição. É importante salientar que esses meteoritos são provenientes em sua maioria da população dos NEAs, e que alguns são tão antigos quanto o Sistema Solar e, portanto, podem até mesmo guardar compostos químicos da nebulosa que deu origem ao Sol.

Outra razão interessante para estudar esses objetos é que, diferentemente dos asteroides do cinturão principal, que orbitam o Sol em um cinturão localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter, os NEAs são uma população que está sempre sendo renovada ao longo dos séculos. Isso ocorre porque os encontros próximos com os planetas rochosos, além de encontros próximos com asteroides do cinturão principal, podem afetar suas órbitas, fazendo-os serem ejetados da região dos NEAs ou enviados para terminarem colidindo com o Sol. Por outro lado, segundo MORBIDELLI et al. (2002), a região dos NEAs está sendo sempre reabastecida por asteroides vindos do cinturão principal, que através de regiões de ressonância com Júpiter podem transportar asteroides do cinturão para a região dos NEAs. As colisões e o efeito Yarkovsky¹ são os principais mecanismos que alteram as órbitas dos asteroides, fazendo-os serem capturados em ressonâncias e consequentemente, transportados para a região dos NEAs.

Por fim, a importância desses asteroides, os NEAs, tem relação com a preservação da vida na Terra, visto que esses objetos representam uma ameaça à vida do nosso planeta. Atualmente acredita-se que todas as maiores extinções em massa ocorridas ao longo da história tenham tido como causa a colisão de um NEA de tamanho da ordem de quilômetros.

Os NEAs são divididos em 4 subgrupos de acordo com suas características orbitais de semieixo maior (a), distância ao periélio (q) e distância ao afélio (Q). Os subgrupos são chamados de Amor, Apollo, Aten e Atiras, seguindo as seguintes definições:

  • Asteroides Amor: possuem periélios entre 1,017 UA e 1,3 UA e semieixo maior maior do que 1,0 UA. Esse tipo de asteroide tem a órbita exterior a órbita da Terra, mas interior a órbita de Marte.
  • Asteroides Apollo: possuem semieixos maiores do que 1 UA, e periélios menores de 1,017 UA. Esse objetos são classificados como cruzadores da órbita da Terra.
  • Asteroides Aten: possuem semieixos menores do que 1 UA, e afélio maior do que 0,983 UA. Esse objetos também são classificados como cruzadores da órbita da Terra.
  • Asteroides Atiras: possuem semieixos menores do que 1 UA, e afélio menor do que 0,983 UA. Isso faz com que sua órbita seja interior a órbita da Terra.

¹ Efeito Yarkovsky é uma força de reemissão térmica que causa uma modificação no semieixo maior de asteroides de tamanhos quilométricos.

Referências:

BOTTKE, Jr., W. F, et al. (2002). The effect of Yarkovsky thermal forces on the dynamical evolution os asteroids and moteoroids. Asteroids III, páginas 494-527.

MONTEIRO, F. (2016). Determinação das propriedades rotacionais de asteroides próximos da Terra através do projeto IMPACTON. Dissertação de mestrado do Observatório nacional.

MORBIDELLI et al. (2002). Origin and evolution of Near-Earth Asteroids. Revista Icarus, 163:120-134.

https://cneos.jpl.nasa.gov/about/neo_groups.html

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