Um dos estilos mais marcantes da história da indumentária, o Greek Dressing vem trazendo uma série de referências estéticas que revelam uma elegância moderna com uma pitada de ousadia. Isso porque, durante o período grego, a vestimenta da nobreza era baseada em tecidos retangulares com alças retorcidas, um trabalho de franzido localizado na região que vai do busto à cintura e, claro, fluidez. Ao longo do tempo, diversas marcas apresentaram criações inspiradas na Grécia antiga, cada uma propondo uma conexão com sua identidade. Um exemplo? Para o Resort 2018, o então diretor criativo da Chanel, Karl Lagerfeld, transformou o Grand Palais em uma ruína grega e desfilou uma coleção rica em tweed, metalizados e estampas, formatada tanto em shapes tradicionais quanto em conjuntos com ar urbano – como o cropped top e minissaia. Lembro que foi um dos grandes destaques da estação.
Nas passarelas de Inverno 2019 da Haute Couture, algumas grifes provaram que o movimento grego é um dos queridinhos da temporada – e que, acima de tudo, aborda um tipo de sofisticação e modernidade em um tom altíssimo. Para a Redemption, franzidos, fenda, leveza e nós nas alças e cintura. Repare que entre os códigos da tendência sempre há pele em evidência, seja com drapeados ou recortes. Para o modelo, a marca investiu também no combo assimetria + babados na barra, dando pontos a mais para o romantismo. Sob o comando de Pierpaolo Piccioli, a Valentino optou por um longo com top recortado, alças com aplicação de capa e uma transparência sutil na saia de seda. Tudo bem chique e suave. Já na Ronald van der Kemp, a sua deusa grega usa um vestido de modelagem menos volumosa, com sobreposição da franzido que vai do quadril ao top.
Em caminhos menos óbvios, mas com alta dosagem Greek, a estrutura das peças características ganharam novos formatos. Para a Azzaro, o evening dress surgiu com bordados de brilhos, recorte na cintura, fenda e uma alça única – sem aquela imagem clássica de pureza e delicadeza, mas, sim, com ar de poder. Para a Dior, Maria Grazia Chiuri trabalhou a referência de um jeito cool e super jovem. Ela elegeu o longo, com mangas amplas (quase morcego) e uma fina corda para marcar a cintura. Veja como a diretora criativa uniu a estética com uma estampa-manifesto “Are clothes modern?”. Muito coerente com os questionamentos que os fashionistas estão se fazendo – e importante como pauta entre o público. Com a ideia de brincar com um pouco de volume no decote one shoulder, a Dundas apostou no contraste do tecido esvoaçante e fino com elementos pesados, como o cinto largo (com ar de corset) e as fishnets – match que vale como inspiração para novas misturas de estilos e materiais.
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