O levantamento de fauna é a utilização de técnicas para fazer uma amostragem das espécies que habitam uma determinada área, em um certo período. Essas técnicas variam conforme o objetivo do estudo feito e podem caracterizar e avaliar o estado de conservação não só das espécies de fauna, como de toda a biodiversidade, uma vez que os animais fazem parte das relações ecológicas que sustentam um ecossistema.
O inventário é utilizado para manejo, monitoramento e conservação do meio ambiente. No Brasil, é requerido nos licenciamentos ambientais (para empreendimentos e atividades que causam degradação ambiental), supressão de vegetação e nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e seus relatórios (RIMA- Relatório de Impacto ambiental) para empresas ou empreendimentos com atividades que podem causar algum tipo de impacto no ambiente- como pode ser visto no artigo 225, § 1°, IV, da Constituição Federal de 1998, que assegura um meio ecologicamente equilibrado.
Metodologias
Os estudos de fauna podem abordar os diferentes grupos animais: Ictiofauna (peixes), Herpetofauna (répteis e anfíbios), avifauna (aves) e mastofauna (mamíferos). São feitos por pesquisadores ou por profissionais especialistas competentes.
Existem diversas metodologias para contemplar cada grupo, que se baseiam em literaturas específicas. É sugerido que a coleta de dado seja feita em diferentes estações do ano (chuvosa e seca), pois a composição pode mudar, conforme a disponibilidade de recursos e o ciclo de vida da espécie. As técnicas incluem observações com evidências direta, na qual o pesquisador visualiza/ ouve o animal; e evidências indiretas, na qual há vestígios como fezes, pelos, penas, ninhos, pegadas, etc. A forma de se coletar os dados e a qualidades deles será essencial para um bom trabalho. Na metodologia deve ter escrito o esforço amostral para cada grupo e em cada fitofisionomia, além de um mapa indicando o tamanho da área. Para casos de licenciamento ambiental, espera-se os parâmetros de riqueza e abundância, índices de eficiência amostral e de diversidade, por fitofisionomia e cada grupo.
Um levantamento tem como base dar o diagnóstico da riqueza (quais espécies ocorrem naquele local) e da composição (quais e quantas espécies ocorrem naquele local). Há dois tipos de dados gerados:
Métodos qualitativos: Contemplam a riqueza, ou seja, quais espécies que tem em determinado local.
Métodos quantitativos: Além da riqueza, apresentam informações sobre a abundância relativa ou densidade, que é o número de indivíduos pela unidade de área.
Técnicas mais comuns para cada grupo:
Herpetofauna
- Procura Visual- Consiste em andar por todo o ambiente a procura dos animais.
- Procura auditiva- Utiliza-se das vocalizações de anuros para identificá-los.
Há técnicas mais invasivas que capturam os animais, sem morte, como as armadilhas chamadas de Pitfall.
Avifauna
- Evidências indiretas- Encontro de ninhos, penas, pelotas, regurgito, etc.
- Inventários simples: Pesquisador pelos diferentes habitats, anotando todas espécies vistas ou ouvidas, sem técnica específica.
- Lista de Mackinon: Faz-se listas de 10 espécies diferentes, enquanto se caminha por trilhas ou estradas que contemplam as diversas fitofisionomias. Não leva em consideração o número de indivíduos vistos. É possível fazer a curva de acúmulo de espécie, analisando a riqueza de espécies na área.
- Ponto de Escuta: Marca-se pontos a cada 200m, em trilhas existentes ou feitas. O observador fica parado em torno de 10 minutos em cada ponto, anotando todos indivíduos visualizados ou ouvidos. Neste método é possível fazer cálculos de densidade relativa e absoluta, parâmetros quantitativos.
- Rede de neblina: Consiste em armar uma rede específica no habitat a ser estudado e aguardar um indivíduo cair na armadilha, liberando-o em seguida.
Mastofauna
- Procura Visual e Busca Ativa- Andar ao longo de trilhas anotando vestígios ou visualização e audição.
- Armadilhas fotográficas- A câmera trap é instalada em pontos específicos de trilhas para capturar imagens de mamíferos que passem no local.
- Parcelas de Areia- Monta-se um delimitado de areia em uma trilha, com uma comida atraente no meio, para que se registre a pegada do animal que passar por ela.
Existem armadilhas para estudo de pequenos mamíferos, como Pitfall, tomahawk e Sherman, que não machucam o animal.
Referências:
Matter, V. S. et al. Ornitologia e Conservação, Ciência Aplicada Técnicas de Pesquisa e Levantamento, Techinal Books Editora, 1a edição, 2010. Pg. 33-102.
Culle Jr., L. et al. Métodos de Estudo em Biologia da Conservação, Manejo da Vida Silvestre. 2a edição revisada.
https://cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/2014/12/DD-167-2015-C-sem-assinaturas.pdf
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