Diferente das semanas de moda tradicionais de prêt-à-porter, que acontecem em fevereiro-março e setembro-outubro, as apresentações de Resort (ou também chamadas de Cruise) acontecem em cidades distantes das suas sedes. Exceto Chanel que, com a decisão de Karl Lagerfeld, optou por permanecer em Paris e fomentar a movimentação da capital francesa que, segundo a prefeita da cidade (e amiga do diretor criativo da marca) Anne Hidalgo, precisava de uma mãozinha forte da moda. Após a morte do kaiser, aguardamos as próximas direções de Virginie Viard, sua sucessora, que manteve seu primeiro show nos domínios do Grand Palais.
E, falando em Chanel, vamos ao grande e esperado desfile. Os olhos estavam atentos e ansiosos para saber quais seriam os caminhos que Virginie seguiria na maison francesa. Em um cenário de estação de trem, ela pontuou cidades que têm relação com a história da grife, entre Venise e Saint-Tropez, e fez seu debut entre plataformas que captavam raios da luz do sol. Na coleção com ar oitentista, cores e modelagens foram os pontos-chaves para retomar alguns clássicos da casa. A jaqueta de tweed surgiu em tons vibrantes e ao lado de leggings com letras formando “Chanel”. Os sapatos também seguiam uma cartela forte e fashionista – entre pinks e avermelhados. Virginie trouxe looks que remetiam aos uniformes das mulheres trabalhadoras, de décadas de 40 e 50, mas de forma renovada e com shapes mais interessantes e menos austeros. Outro hit que chamou muito a atenção foi o púrpura, seguido do lavanda, que apareceram visuais monocromáticos ou apenas em uma peça ou outra na produção. No mais, só provas de que há uma nova geração, com um novo olhar, para as criações icônicas de Coco Chanel e da era Lagerfeldiana.
Apaixonado por arquitetura e todos cenários que envolvem curvas, Nicolas Ghèsquiere levou o Resort da Louis Vuitton para Nova York. Mais especificamente no próprioAeroporto Internacional John F. Kennedy, onde se encontra o TWA Flight Center, um terminal de passageiros que está fechado desde 2001. Com um visual que nos leva direto à década de 1980, a coleção nos entregou ombros marcados, mangas bufantes, calças de cintura alta e toques de cores intensas como o azul bic e fúcsia, que deixavam todas as produções ainda mais vibrantes. Há, claro, uma brincadeira de sobreposições de materiais na mesma peça, uma das características preferidas do designer.
Em uma segunda parte do desfile, Ghèsquiere acrescentou looks com grande dose de referência 80’s, com shapes curtos e volumosos, com destaque para a saia balonê, em versões listradas e monocromáticas – no caso, um rosa vibrante. A beleza, assinada por Pat McGrath, dá ainda mais força ao mood da década e traz uma atitude rocker, com lábios vermelhos, olhos contornados com preto e blush marcante.
Enquanto isso, na semana anterior, a italiana Prada também desembarcou na Big Apple para mostrar suas criações de Resort. Desta vez, Miuccia Prada estava com ideias de trabalhar com o simples. No caso, o material eleito foi o algodão, que compôs uma coleção rica em detalhes – mas não deixou de dividir espaço com o nylon nas jaquetas. Havia desde blazers pretos e marinho, maxicasacos rosa pastel aos listrados tradicionais das camisas masculinas e xadrezes, que, eventualmente, encontravam florais pequenos e coloridos. Sempre com sobreposições que dão à silhueta uma forma ”Prada”, reta e sem revelar tanto a cintura. Havia também tops de camponeses com bordados à mão, botões listrados, jaquetas de estampa de chita e calças combinando, e ternos utilitários.
Além de Dior, que já apresentou seu espetáculo em Marrakesh (e falei neste post), estas marcas mostraram ainda mais a importância de investir em coleções de Resort, algo que, antes, não era tão encarado com muita força. No calendário, ainda temos dois grandes desfiles: de Gucci, em Roma, e Giorgio Armani em Shangai. Claro, outras labels preferem lançar suas novidades em lookbooks com cenários e peças espetaculares.
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