A hipertermia é uma condição médica associada a perda da capacidade de controlar a temperatura corporal, resultando em um aumento descontrolado da temperatura do organismo, sendo o oposto da hipotermia. É esperado que um adulto saudável tenha uma temperatura corporal média em torno de 37ºC. Valores acima de 38ºC em pessoas saudáveis representam a hipertermia. Este aumento, considerado severo quando a temperatura do corpo ultrapassa 40ºC, desregula todo o organismo e afeta os sistemas corporais, podendo trazer consequências graves.
O corpo humano é capaz de aumentar sua temperatura média para combater infecções, através do estado febril. Além disso, overdose de drogas ilícitas ou reações adversas a medicamentos também podem causar um aumento de temperatura. Contudo, nenhum destes exemplos é descrito como hipertermias, mas sim como problemas de regulação de calor induzidos por agentes químicos ou biológicos.
Os sintomas da hipertermia dependem da extensão do aquecimento corporal, podendo ocorrer e agravar-se de maneira muito acelerada. O primeiro sinal de elevação de temperatura é o suor. Este mecanismo regulador de calor tem a função de resfriar o corpo através da perda de energia calorífica carreada pela liberação de água. A sudorese ocorre através da estimulação hormonal das glândulas sudoríparas realizada pelo hipotálamo, o termostato natural do corpo humano. Porém, o suor pode levar a perda de uma grande quantidade de fluídos e eletrólitos, o que inicia um quadro de desidratação. A hipertermia também causa dores de cabeça, câimbras musculares, náusea, rubor, exaustão e respiração acelerada. Em casos mais graves, o corpo perde totalmente sua capacidade de se resfriar, causando desmaios e falência dos órgãos. A exaustão por calor, por sua vez, aumenta a pressão arterial e se não tratada pode levar a um enfarte cardíaco.
Os grupos em maior risco de sofrer hipertermias são as crianças, idosos e pacientes hipertensos ou com problemas cardiovasculares. Neles, a perda da capacidade de reduzir o calor corporal pode ocorrer mais rapidamente, acelerando o quadro hipertérmico. O principal tratamento desta condição é o resfriamento artificial do corpo, seja através da saída de locais quentes ou pela ingestão de água gelada ou bebidas com eletrólitos. Outras medidas incluem a remoção de parte das roupas, deitar-se em local bem ventilado, tomar um banho frio ou utilizar bolsas de gelo ou panos molhados na testa, axilas e atrás dos joelhos. Caso os sintomas persistam mesmo após estas ações, deve-se buscar ajuda médica imediatamente. Nos hospitais, o tratamento de hipertermia geralmente envolve a administração de eletrólitos e fluidos frios intravenosos, além do monitoramento cardíaco por alguns dias.
Pessoas que moram em locais quentes, tropicais e equatoriais no qual a umidade e o calor sejam frequentes devem evitar se exercitar e praticar esportes ao ar livre nos horários de maior calor do dia (entre as 11 da manhã e as 4 da tarde). Ondas extremas de calor tem sido cada vez mais comuns, mesmo em outras estações do ano que não sejam o verão e em locais mais frios do planeta. Por isso, manter-se hidratado e em um lugar bem ventilado é essencial. Deve-se também cuidar de crianças, idosos ou pessoas enfermas, certificando-se de que estes não se exponham demasiadamente ao calor.
Referências:
Hickey, R. W., Kochanek, P. M., Ferimer, H., Graham, S. H., & Safar, P. (2000). Hypothermia and hyperthermia in children after resuscitation from cardiac arrest. Pediatrics, 106(1), 118-122.
Simon, H. B. (1993). Hyperthermia. New England Journal of Medicine, 329(7), 483-487.
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