A palavra narrador é derivada da palavra latina narro que significa permitir que algo se torne conhecido. Por isso, o narrador é a entidade narrativa que tem o profundo conhecimento da história a ser contada e a torna pública aos leitores pelo ato narrativo.
De acordo com Platão e Aristóteles, as categorias de narradores são três: o próprio poeta, normalmente pautado na realidade; a voz de outras pessoas, normalmente ficcional e a mistura dos dois tipos de vozes.
O narrador faz parte da construção da narrativa, pois é ele quem organiza as ações que formam uma história narrativa. Porém, arquitetar as ações não é a única função do narrador, cabe a ele também ser a voz que permeia, inclusive ideologicamente, o enredo. Como classificado por Roland Barthes, o narrador é um “ser de papel” e em muitos casos é o protagonista da história. A relação leitor/obra muitas vezes não existiria de maneira satisfatória se não fosse o diálogo íntimo entre narrador e leitor.
Ótimos exemplos dialógicos entre narrador e leitor na literatura brasileira estão presentes nas produções de Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Machado de Assis. O narrador machadiano, por exemplo, antecipa alguns pensamentos e opiniões dos leitores a fim de questioná-los ou afrontá-los; isso permite a imersão completa do leitor que passa a ser igualmente personagem narradora daquele universo ficcional.
Alguns críticos classificam os narradores em dois grandes tipos: narrador na primeira pessoa e narrador na terceira pessoa. Atualmente a classificação não é mais vista de maneira cartesiana e percebe-se que as narrativas têm sido habitadas por narradores que assumem papeis narrativos ao longo da história. Isso significa que ora o narrador conduz a narrativa em primeira pessoa, ora mantém certo distanciamento no contar, usando um discurso em terceira pessoa.
O autor Gerard Genette propõe outra classificação ao afirmar que existem narradores autodiegéticos, aqueles que narram as próprias experiências; narradores homodiegéticos, narram a história, mas não são um dos personagens principais e os narradores heterodiegéticos, aqueles que não fazem parte da história, mas narram os acontecimentos.
Para o entendimento de uma narrativa não basta, porém, observar se ela é contada em primeira ou terceira pessoa porque cada texto apresenta um tipo específico de narrador, com suas características próprias. Identificar os tipos de narradores faz parte do processo interpretativo de uma produção literária.
Os tipos de narradores que mais aparecem nas narrativas são:
- narrador-personagem
- narrador-protagonista
- narrador-onisciente
- narrador-observador
- narrador não confiável
- narrador-testemunha
E, ainda que cada categoria tenha suas características, todos eles têm em comum ser uma voz concordante ou dissonante da voz do escritor e da voz do leitor.
Referência:
ALVES, Jorge. Narrador. E-Dicionário de termos literários de Carlos Ceia. Disponível em: < http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/narrador/>. Acesso em 02 mar. 2019.
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