Um dos principais economistas do século XX e líder da Chicago School of Monetary Economics, Milton Friedman nasceu em 31 de julho de 1912 no Brooklyn, Nova York. Quarto filho de Jeno Saul Friedman e Sarah Ethel, imigrantes judeus de Beregszasz, Carpato-Rutênia, região hoje pertencente à Ucrânia. Sua mãe trabalhava como costureira e seu pai iniciou uma fábrica de tecidos em Rahway, Nova Jersey, mas a família tinha renda modesta: “Só o que eu sei é que ele nunca ganhou muito dinheiro”, comentou Friedman a respeito do pai.
Em 1928, Milton ingressou na faculdade de Matemática da Rutgers University. Graças aos professores Arthur F. Burns e Homer Jones, ele decidiu estudar Economia. Burns lhe injetou uma paixão pela integridade científica que influenciou muito seus trabalhos. Jones conseguiu uma bolsa de 300 dólares para ele estudar na Universidade de Chicago.
Na Universidade de Chicago, Friedman conheceu Rose Director, imigrante de Charterisk, vilarejo russo atualmente pertencente à Ucrânia. Rose tornou-se sua esposa em 1938. A primeira filha, Janet, nasceu em 1943, e seu segundo filho, David, que se tornaria economista e Ph.D em Física, nasceu em 1945.
Friedman teve como primeiro artigo uma crítica ao método de medição das elasticidades da demanda de dados orçamentários de A.C. Pigou, coproduzido pelo professor Henry Schultz, para o qual ele trabalhava como assistente. O artigo foi enviado ao jornal econômico da Universidade de Cambridge, onde Pigou lecionava, mas foi rejeitado por seu editor, John Maynard Keynes; e publicado (em 1934) no Quarterly Journal of Economics da Universidade de Harvard. A Universidade da Columbia ofereceu uma bolsa maior de estudos e moradia para Friedman, e lá ele fez doutorado.
Enquanto trabalhava no Departamento do Tesouro, Friedman estudou a proposta dos empregadores descontarem impostos na fonte, que entrou em vigor em 1943, substituindo o sistema das pessoas calcularem seus impostos e pagarem em prestações trimestrais no ano seguinte. A medida deveria ser temporária por causa da guerra, mas virou permanente, e Friedman arrependeu-se de ajudar na implementação. Ele tornou-se professor na Universidade de Chicago em 1946, lecionando lá nas três décadas seguintes. Foi membro da Sociedade Mont Pelerin, fundada por Friedrich A. Hayek em 1947, e ainda trabalhou com o governo em 1950, como consultor na administração do Plano Marshall.
Em 1956, Milton fez a série de palestras que Rose editou para originar o livro “Capitalismo e Liberdade”, de 1962, onde ele defendeu a abolição de subsídios agrícolas, tarifas/cotas de importação, controle de aluguéis, salário mínimo, moradia subsidiada, licenciamento profissional, seguridade social, monopólio estatal dos correios, muitas agências regulatórias e alistamento militar obrigatório (que findou em 1973). 500 mil cópias foram vendidas, havendo até contrabando para União Soviética e servindo de base para uma edição pirata. “Sabemos que uma versão pirata polonesa foi publicada no começo dos anos 1980. Desde a queda do Muro de Berlim, o livro foi traduzido para o sérvio-croata, o chinês, o polonês e o estoniano, e existem outras ainda pendentes”, os Friedman contaram.
Friedman iniciou uma coluna na Newsweek em 1966, onde ele tinha espaço limitado para escrever, algo que potencializou sua comunicação: “Meu estilo de escrita melhorou não apenas nas colunas, mas em tudo o mais que eu escrevia, melhorando também a minha coerência em defender uma posição”. Ele escreveu 82 editoriais e cartas aos editores do The Wall Street Journal, The New York Times, The Washington Post, entre outros.
Em 1976, Milton ganhou o Nobel de Economia, mas para Rose, o grande empreendimento veio depois: aceitaram começar a produção de um documentário para a televisão que traria uma série de palestras. Em dez partes, “Free to choose” (Livre para escolher) foi exibido pela primeira vez em 1980, televisionado para mais de uma dúzia de países e contrabandeado para China e União Soviética.
O aconselhamento de economistas chilenos egressos da Universidade de Chicago ao ditador do Chile Augusto Pinochet fez associarem Friedman ao autoritarismo. “Mas o único contato direto de Friedman com o Chile foi quando ele foi convidado pelo seu colega, também professor da Universidade de Chicago, Arnold Harberger – que estava mais envolvido com o programa chileno – a dar uma semana de palestras e participar de debates públicos no Chile em 1975. Enquanto esteve lá, Friedman teve um encontro com Pinochet, por menos de uma hora. Pinochet pediu a Friedman que lhe escrevesse uma carta sobre as suas opiniões sobre como a política econômica chilena deveria ser gerida, o que Friedman fez. Ele defendeu cortes rápidos e severos nos gastos do governo e inflação, bem como instituições mais abertas ao comércio internacional e políticas para ‘estabelecer o alívio de qualquer dificuldade real e angústia entre as classes mais pobres’”, esclarece Brian Doherty. Friedman também aconselhou Capitalismo à China Comunista nas duas visitas que a fez, em 1980 e 1988, defendeu liberdade econômica mesmo diante de autoritários.
“Em economia, ele é certamente o pensador mais irrepreensível, audacioso, franco, provocativo e inventivo nos Estados Unidos – e, mesmo medindo 1,60 m, ele pode ser maior que todos os seus colegas de profissão”, publicou o New York Times. Friedman jogava tênis e viveu para andar de skate com seu neto Patri, com mais de 80 anos de idade. Morreu aos 94 anos, vítima de ataque cardíaco, em 16 de novembro de 2006, em São Francisco.
REFERÊNCIAS:
DOHERTY, Brian. O Economista e o Ditador. Disponível em: <http://ordemlivre.org/posts/o-economista-e-o-ditador--2>. Acesso em 15 de abril de 2019.
FEE. Milton Friedman. Disponível em: <https://fee.org/resources/milton-friedman/>. Acesso em 15 de abril de 2019.
G1. ECONOMISTA MILTON FRIEDMAN MORRE AOS 94 ANOS. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,AA1352863-9356,00-ECONOMISTA+MILTON+FRIEDMAN+MORRE+AOS+ANOS.html>. Acesso em 20 de abril de 2019.
IORIO, Ubiratan Jorge. Ação, tempo e conhecimento: A Escola Austríaca de Economia. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 1ª edição, 2011. 234p.
POWELL, Jim. Biografia: Milton Friedman. Disponível em: <http://ordemlivre.org/posts/biografia-milton-friedman--8>. Acesso em 15 de abril de 2019.
RACHEWSKY, Roberto. UM PEQUENO GUIA PARA MILTON FRIEDMAN. Disponível em: <https://www.studentsforliberty.org/pequeno-guia-milton-friedman>. Acesso em 16 de abril de 2019.
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