Quando falamos de Semana de Alta Costura, automaticamente, falamos de um mundo dos sonhos. Um universo que permite uma série de fantasias e que nos surpreende. Incrivelmente, toda temporada segue esse script. Cada vez mais encantadora e cheia de motivos para nos fazer suspirar. Basta ver até onde os diretores criativos levam os seus shows, que mostram a roupa, como foco principal, em cenários de precisar de algum belisco.
Desta vez, a responsável pela magia, quase literal, foi Maria Grazia Chiuri na apresentação da Dior. Ela, desde sua primeira estação na maison francesa, investiu em temas fortes, que trouxessem a mulher como protagonista não só da passarela, mas da cena em si. Ao chegar no Musée Rodin, já era esperado um espetáculo sensível. A entrada do desfile já entregava um picadeiro elegante, com lâmpadas penduradas em fios e um ambiente super aconchegante. Tanto a atmosfera quanto a coleção partiam da inspiração principal de Maria Grazia – a foto ”Dovima e os elefantes” clicada em um circo por Richard Avedon para Christian Dior em 1955. Antes mesmo das roupas ganharem os holofotes, um time de acrobatas de circo de Londres fez uma abertura com mulheres nos ombros de outras, trazendo o simbolismo de força e união feminina – ”que estamos juntas e tudo vai dar certo”.
Já no que diz respeito às peças, um encanto sem fim. O tom mágico da vestimenta do circo mostrou seu espaço em roupas que lembravam as fantasias dos palhaços, mas feitas em organza, com destaque para transparência em pontos estratégicos, aplicações, franzidos e volumes. Saias bordadas ou incrustradas de paetês opacos são encurtadas como tutus que remetem aos códigos das acrobatas, domadoras e amazonas. Além dos pontos justos e curtos, há calças amplas e muito leves, estreitando no calcanhar, que também podem se tornar macacões suntuosos. Os shorts surgem com camisas brancas decoradas com
babados ou fitas, que trazem a sensação de terem sido gastas com o tempo. Corsets em couro, listras de marinheiro e jaquetas pretas inspiradas na do domador de leões também surgem com sofisticação e uma pitada de modernidade.
Entre os desejos absolutos (e que deixaram as fashionistas vidradas) estão os vestidos longos cobertos por plissados. Repare na leveza e nos ”desfiados” propositais com visual de franjas nos decotes. Fiquei maravilhada com os acabamentos tão bem feitos e que mostram um caminho tão fresco para a Alta Costura. As tonalidades também transmitem um romantismo e uma delicadeza que vai em encontro com toda simbologia que Maria Grazia buscou no seu espetáculo. E nos marcou completamente!
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