Gênero lírico

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O gênero lírico nasce durante a Idade Média e é um tipo de produção intimamente ligada à música. O adjetivo lírico está vinculado à lira, um instrumento musical utilizado pelos gregos no acompanhamento dos cantos. Ao final do período medieval, os poemas cantados começam a perder espaço para o texto escrito e os poetas se dedicam ao trabalho formal de suas obras que passam a ter divisões em estrofes, a metrificação dos versos (pelas sílabas poéticas) e as rimas.

Nessa transição de evolução do gênero, os textos passam a ser nomeados como poema lírico ou poesia lírica. Pode-se dizer que a poesia é a independência literária com relação aos instrumentos musicais porque são as próprias palavras, com suas nuances e repetições, que garantem o ritmo e a musicalidade do texto.

A produção lírica é centrada no eu e sua matéria prima são as experiências individuais e subjetivas do artista, sendo temáticas recorrentes: a dor, o sofrimento, a angústia, a alegria, a felicidade, tudo o que possa expressar emoção e sentimento é utilizado pelos poetas. Como o lirismo não pretende ser um diário da rotina do escritor, mas tratar dos seus sentimentos e das suas emoções, surge o conceito de eu-lírico que representa uma espécie de voz que ecoa das impressões e sensações escritas pelo poeta.

O crítico literário Ezra Pound diz algo como “o poeta é antena da raça” e essa metáfora é totalmente sincrônica com a ideia de lirismo. Os poetas líricos são aqueles que adentram e captam o ser das coisas por meio de mecanismos literários que promovem a revelação e desvelamento. Um dos mecanismos mais recorrente é a recordação, contudo, o passado não é mencionado simplesmente para indicar tempo decorrido, mas para expor o sentimento experimento pelo eu-lírico no momento do fato.

No que diz respeito à composição, os poemas líricos podem apresentar forma fixa, como é o caso dos sonetos, e forma livre. O soneto é forma mais tradicional e perpetuada até a modernidade; sua estrutura contempla 14 versos, sendo divididos em dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos).

Dentre os tipos líricos, existem os poemas denominados:

  • Écogla e idílio: destacam situações bucólicas e pastoris;
  • Elegia: aborda a morte ou acontecimentos tristes;
  • Epitalâmio: homenageia as núpcias;
  • Hino: exaltação da pátria ou dos deuses;
  • Ode: exaltação (figuras importantes, lugares, entre outras temáticas);
  • Sátira: ironiza as fraquezas e os defeitos humanos em todas as esferas (política, social, econômica, entre outras).

A poesia lírica passa por um processo de revitalização e atualização durante o século XX. No Brasil, alguns escritores pertencentes ao Modernismo produzem uma lírica de teor metafísico e atemporal. Poetas como Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade produzem um lirismo que ao mesmo tempo contempla o fechamento do texto e a sua abertura.

É comum, na lírica moderna um movimento de tradição e ruptura; poemas que centram no mergulho espiritual e emocional do eu e poemas que se abrem de forma transcendental para o lirismo exterior que configura um lirismo mais crítico.

Além disso, o gênero lírico não se prende à poesia, inúmeros textos em prosa contemplam em suas narrativas o caráter lírico inclusive com suas características sonora e rítmica.

Referências:

FILHO, Antonio Cardoso. O gênero lírico. Disponível em:

<http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/08303214112014Teoria_da_Literatura_I_Aula_6.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2018.

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