Criptomoedas são moedas do ambiente virtual que podem ter uso real apesar de não serem emitidas por nenhum banco central de nenhum país do mundo, o que as diferencia do Dólar e do Real, por exemplo, que são moedas estatais controladas por políticas econômicas de governos e mundialmente reconhecidas. Apesar disso, as criptomoedas podem ser consideradas dinheiro, e podem ser acessadas e utilizadas através da internet.
As criptomoedas ou moedas digitais são um novo meio de troca, o que o economista Ludwig Von Mises chamaria de “dinheiro commodity” ou “dinheiro mercadoria”. São empregadas como dinheiro entre seus usuários, mas ainda não universalmente aceitas. Ao escrever sobre a criptomoeda Bitcoin, o economista Fernando Ulrich esclarece que dinheiro é simplesmente o “bem econômico” usado como meio de troca, assim, quando as criptomoedas são usadas como meio de troca, são empregadas como dinheiro.
Mas as criptomoedas podem ser usadas de outras formas. Como investimento, por exemplo. Existem investidores que compram determinadas criptomoedas quando seus valores caem, e as vendem quando seus valores sobem, investindo e lucrando em um mercado de criptomoedas que funciona de modo semelhante ao mercado tradicional de ações. Existem empresas que atuam no mercado financeiro especializadas em criptomoedas, sendo a Bitcoin a moeda que se tornou mais popular para tais investimentos.
Por não serem emitidas por nenhum banco central, as criptomoedas estão imunes às políticas governamentais de impressão excessiva de cédulas, ou seja, estão isentas da política de multiplicação compulsória do dinheiro estatal que gera inflação e desvaloriza a moeda. Isto porque as moedas estatais não possuem mais o lastro em ouro, e dependem apenas das decisões dos governos para serem emitidas. Já a criptomoeda Bitcoin possui delimitação matemática, que funciona como um lastro, e tem o limite máximo de 21 milhões de moedas, não podendo ultrapassar este número graças à sua tecnologia Blockchain, que é o livro-razão das criptomoedas; e funciona através de uma rede de computadores interligados por todo o planeta, registrando cada transação ocorrida na rede.
O ouro como moeda de troca era um empecilho por seu peso e dificuldade de transporte, o que favoreceu o surgimento do papel-moeda, dinheiro lastreado em ouro. Com o fim do lastro em ouro do dinheiro, a escassez da moeda foi gradativamente solapada pelos bancos centrais. As criptomoedas possuem a vantagem da possibilidade do retorno ao padrão ouro através do Blockchain devido a sua delimitação matemática preestabelecida. E são ainda mais simples de serem transportadas que o papel-moeda ou o dinheiro impresso atual, pois basta o usuário ter em mãos um dispositivo com acesso à internet para utilizá-las.
Além disso, as criptomoedas ainda podem dispensar os intermediários, como os bancos. Com Bitcoin, por exemplo, o usuário pode ser sua própria "carteira", dispensa bancos. Os custos de transação também podem ser mais baratos, visto que criptomoedas não precisam enfrentar fronteiras políticas, é dinheiro que pode ser igualmente usado tanto na China como no Brasil. Com as criptomoedas, a possibilidade de enviar dinheiro se tornou tão simples que enviá-las de um país para outro é equivalente ao envio de um e-mail.
Tudo isso pode ser dito das criptomoedas privadas, desenvolvidas independentemente dos governos. Mas é possível que criptomoedas sejam desenvolvidas por bancos centrais. A Rússia, o Canadá e a Inglaterra já demonstraram interesse em desenvolver suas criptomoedas, a Venezuela já afirmou ter lançado a sua. O objetivo é diferente do objetivo das criptomoedas privadas que são as pioneiras. Os governos têm demonstrado interesse em expandir seu controle sobre as trocas comerciais através das criptomoedas, e o consultor político Tho Bishop afirma que haverá uma competição futura entre as criptomoedas privadas e as estatais.
Referências:
BISHOP, THO. Criptomoedas privadas versus criptomoedas estatais - eis a batalha que nos aguarda. Disponível em: <https://mises.org.br/Article.aspx?id=2793>. Acesso em 31 de dezembro e 2018.
G1.Na Venezuela, nova criptomoeda é mistério que intriga a população. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/30/na-venezuela-nova-criptomoeda-e-misterio-que-intriga-a-populacao.ghtml>. Acesso em 1 de janeiro de 2019.
ULRICH, Fernando. Bitcoin: a moeda na era digital. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises, 1 ª edição, 2014.
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