Gramíneas

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Gramíneas, um termo popular que faz menção a plantas comumente referidas por gramas, capins ou relvas (figura 1) e que tem grande valor econômico em todo o mundo. As plantas deste grupo pertencem às angiospermas, termo de origem grega (angeion, vaso ou recipiente e sperma, semente), cuja interpretação se faz por “plantas com flores”, pois a estrutura que define a flor é o carpelo, interpretado por vaso. As sementes são os óvulos fecundados que estão no interior dos carpelos, cujo resultado originará o fruto. Em uma primeira classificação as angiospermas se subdividiram em dois grandes grupos, monocotiledôneas e dicotiledôneas. Após avanços tecnológicos, os estudos se aprofundaram e o sistema de classificação biológica para o grupo das plantas terrestres se modificou e, hoje, estas plantas são referidas por monocotiledôneas e eudicotiledôneas. As gramíneas estão inseridas no grupo das monocotiledôneas, cuja filogenia indica um ancestral comum (monofiléticas). As características que definem as monocotiledôneas são: folhas com venação paralela e presença de bainha (com raras exceções); semente (embrião) com um único cotilédone; características peculiares dos cloroplastos; presença de flores trímeras (com as estruturas da flor se organizando em três, ou múltiplos deste) ou pentâmeras (com as estruturas da flor se organizando em cinco, ou múltiplos deste); pólen monossulcado, ou seja, com a presença de um sulco (dado ultraestrutural); hábito herbáceo e dados de sequências moleculares.

Existem cerca de 300 mil espécies de angiospermas registradas, com cerca de 90 mil espécies de monocotiledôneas, as quais reúnem os grupos das gramas, lírios, orquídeas, palmeiras, arroz, bambus, etc. As gramíneas estão classificadas na família Poaceae, cuja ocorrência é cosmopolita (em todo o mundo) com cerca de 10 mil espécies descritas e ocorrência em todos os tipos de ecossistemas, incluindo desertos, ambientes marinhos e de água doce. No Brasil, este número pode alcançar cerca de 1.500 registros (dado referente à publicação em 2012).

Figura 1. Aspecto geral de gramíneas. Foto: BOULENGER Xavier / Shutterstock.com

Morfologia geral

Caule com regiões demarcadas referidas por nós (figura 2) de onde surgem folhas com formas lineares e nervação paralela; o caule é geralmente oco. A região onde a folha se insere no caule é referida por bainha. A característica evidenciada está no tipo de flor referida por espigueta e considerada uma inflorescência.

Figura 2. Aspecto Geral de uma monocotiledônea. Ilustração: annalisa e marina durante / Shutterstock.com

Importância ecológica e econômica

As gramíneas (Poaceae) têm papel fundamental com relação à prevenção de processos erosivos de solos, ocorrendo como principal constituinte de formações campestres em todo o mundo. No Brasil, algumas espécies foram introduzidas causando grandes impactos ambientais, como a ameaça à sobrevivência de plantas nativas, uma vez que não possuem predadores naturais. O capim-gordura (Melinis minutiflora), planta originária da África, chegou ao Brasil no período da colonização através de navios negreiros e foi utilizada como cama para os escravos. Espécies pertencentes ao Brachiaria (braquiárias), capim-andropógon, capim-búfalo, etc., foram introduzidas no país para utilização em pastos como plantas forrageiras, ou seja, alimento para o gado.

Contudo, na família Poaceae estão gramíneas de grande importância para população humana, com destaque para aquelas consumidas, como o arroz (Oryza sativa), sorgo (Sorghum bicolor), trigo (Triticum aestivum), aveia (Avena sativa), milho (Zea mays), cana-de,açúcar (Saccharum officinale), etc. Existem espécies utilizadas como medicinais, como capim-limão (Cymbopogon citratus), usada em chás e a citronela (Cymbopogon martinii), utilizada como repelente de insetos. Bambus, como são conhecidos, estão divididos em dois grupos, aqueles com ocorrência nos trópicos e outros em regiões temperadas. Os brotos de algumas espécies são comestíveis, as fibras são utilizadas para fabricação de papel e os caules podem ser usados como material para construção civil.

Bibliografia recomendada:

http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/ (consultado em agosto de 2018)

http://naturlink.pt/article.aspx?menuid=2&cid=89643&bl=1&viewall=true (consultado em agosto de 2018)

Evert, R.F. & Eichhirn, S.E. 2014. Raven/ Biologia Vegetal. 8ª edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, pp.278-316

Judd, W.S., Campbell, C.S., Stevens, P.F. & Donoghue, M.J. 2009. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Artmed, 3ª. edição, Porto Alegre, RS. 632p.

Souza, V.C. 2012. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 3ª edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 768pp.

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