A classificação biológica usada por especialistas da área pode inserir algas pardas em dois diferentes filos, no filo Phaeophyta (feófitas), ou no filo Ocrophyta (ocrofitas). Contudo, estudos recentes indicam estes organismos no grupo dos cromalveolados, ou Chromalveolata, juntamente com as diatomáceas, crisófitas, xantofíceas e organismos antes relacionados como fungos, os oomicetos e alguns protozoários. E, ainda, este grande grupo se subdivide e as diatomáceas, crisófitas, xantofíceas, algas pardas e outros organismos podem ser inseridos no grupo estramenópilas.
Existem cerca de 1.500 espécies registradas de algas pardas, as quais habitam quase que predominantemente ambientes marinhos; aparecem fixas a costões rochosos, principalmente em regiões árticas. Porém, muitas aparecem em ambientes tropicais de águas claras. Há registros de algas bentônicas em profundidades de 20 a 30 metros. Uma peculiaridade são os kelps (veja fotos abaixo), formações extensas próximas a costões rochosos representados pelos gêneros Laminaria e Sargassum (mar de sargassos). Poucas espécies ocorrem em ambientes de água doce.
Morfologia e características gerais
A morfologia básica para as algas pardas é designada por talos, um corpo vegetativo que pode ser constituído desde filamentos simples ramificados até os mais complexos conhecidos como pseudoparenquimatosos, que se assemelham ao parênquima, encontrado em outros organismos. Por apresentarem grande diversidade, as algas pardas variam em tamanho, desde microscópicas até organismos que atinjam 60m de comprimento, como os kelps, onde a maioria é representada por um talo multicelular. Geralmente, estas algas são referidas por macroalgas devido à forma dos talos, o mesmo acontecendo com representantes de algas vermelhas e verdes. Alguns gametas são as únicas células com flagelos.
As algas pardas podem apresentar um ou vários cloroplastos e os pigmentos fotossintéticos são clorofila do tipo a e c, que geralmente mascaram-se em presença dos carotenoides, com o principal deles, a fucoxantina, ocorrendo em grande quantidade e que confere a cor marrom-dourada, como em crisófitas e diatomáceas; a xantofila, outro carotenoide, confere a cor marrom-escura ou verde-oliva. A substância de reserva energética é a laminarina, um carboidrato armazenado em vacúolos no citoplasma.
A parede celular é constituída por polissacarídeos do tipo: celulose, alginato e galactanos, estes últimos são muito utilizados comercialmente pelo homem. Ainda com a parede celular, as algas pardas são as únicas que possuem plasmodesmos, microtúbulos que permitem a conexão entre uma célula e outra.
Ciclo de vida
Os tipos de reprodução são variados e dependendo da espécie em um ciclo de vida sexuado a fecundação pode ser: isogâmica, quando há fusão de gametas morfologicamente iguais; anisogâmica, quando os gametas se diferenciam morfologicamente e fisiologicamente e oogâmica, quando os gametas se diferenciam morfologicamente, onde um é maior e imóvel, enquanto que o outro é menor e flagelado. Contudo, a maior parte destes organismos possui alternância de gerações, onde há a presença de um esporófito, produtor de esporos e um gametófito, produtor de gametas. Dependendo da espécie, o ciclo de vida pode variar sendo isomórfico, quando o esporófito e o gametófito não se diferenciam morfologicamente; ou heteromórfico, quando é nítida a diferença entre o esporófito e o gametófito. Além disso, a meiose pode ser espórica, quando esporófito possui estrutura produtoras de esporos onde ocorre a divisão meiótica e os esporos formados se tornam haploides (n); ou a meiose pode ser gamética, quando o gametófito originam gametas após a divisão meiótica.
Importância ecológica
O alginato com a celulose fornece flexibilidade e resistência às algas, permitindo suportar o estresse mecânico impulsionado por correntes e ondas marítimas. Além de auxiliar contra dessecação, quando a maré está baixa.
Bibliografia recomendada:
http://tolweb.org/Eukaryotes/3 (consultado em julho de 2018)
http://tolweb.org/Stramenopiles/2380 (consultado em julho de 2018)
Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. (orgs.) 2006. Gênero de Algas Continentais do Brasil (chave para identificação e descrições). Ed. Rima, 2ª. edição, São Carlos, SP. 502p.
Evert, R.F. & Eichhirn, S.E. 2014. Raven/ Biologia Vegetal. 8ª edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, pp.278-316
Judd, W.S., Campbell, C.S., Stevens, P.F. & Donoghue, M.J. 2009. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Artmed, 3ª. edição, Porto Alegre, RS. 632p.
Lee, R.E. 2008. Phycology. 4ª edição, Cambridge University Press, New York. 561pp.
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