Não é novidade que as atividades humanas estão levando à perda da nossa biodiversidade em um ritmo alarmante — o maior desde o evento que levou à extinção dos dinossauros. Em resposta a esta crise atual da biodiversidade, surgiu a Biologia da Conservação, ciência que tem entre seus principais objetivos evitar que as espécies sejam extintas.
Entretanto, dado que é inviável desenvolver projetos de conservação para todas as espécies existentes numa determinada área, existem algumas estratégias utilizadas para chamar a atenção para conservar as espécies de determinado local. Uma dessas estratégias consiste na escolha de espécies que chamem a atenção do público e sirvam como embaixadoras para a conservação — as chamadas espécies bandeira (em inglês, flagship species). Em geral, são escolhidas como espécies bandeira aquelas espécies carismáticas que geram maior empatia das pessoas e que, portanto, possuem maior potencial para captar recursos para conservação (seja por meio de doações ou mesmo aumentando o turismo).
Um dos exemplos mais conhecidos de espécie bandeira é o panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca), que é mundialmente conhecido como um símbolo da conservação de espécies. No Brasil, um dos exemplos mais emblemáticos é o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), símbolo da conservação da Mata Atlântica. Várias espécies de tartarugas marinhas são também consideradas espécies bandeira tanto aqui no Brasil como em outras partes do mundo, ajudando a disseminar a mensagem conservacionista para a população.
Ao sensibilizarem muitas pessoas, tartarugas, micos-leões-dourados e pandas-gigantes ajudam a angariar mais recursos e apoio para conservação. Dessa forma, as áreas costeiras, a Mata Atlântica e as florestas de bambu da China, bem como as outras espécies que habitam esses locais, acabam também sendo protegidas — incluindo aquelas espécies que têm menos empatia popular. Neste contexto, as espécies bandeira funcionam também como espécies guarda-chuva (em inglês, umbrella species). Embora estejam geralmente relacionados, os conceitos de espécies bandeira e guarda-chuva são distintos e não devem ser confundidos. Basicamente, as espécies bandeira servem para atrair a atenção do público, enquanto as espécies guarda-chuva são usadas para proteger, de forma indireta, muitas espécies e às vezes ecossistemas inteiros — já que requerem áreas bastante extensas.
Vale ressaltar que embora na maioria dos casos sejam escolhidos como espécies bandeira animais carismáticos, essa não é a regra. Uma espécie de planta herbácea bastante discreta atuou como espécie bandeira em ações que impediram a construção de uma represa que teria inundado milhares de hectares de floresta no norte do Maine, nos Estados Unidos.
Embora tenha suas vantagens, o conceito de espécie bandeira tem também suas limitações. Uma delas refere-se ao desvio de prioridades: ao priorizar a conservação de espécies bandeira, espécies que correm maior risco, mas que não são tão populares, podem não ser contempladas em projetos e programas de conservação da biodiversidade.
Referências:
Caro, T. M. & O’Doherty, G. On the Use of Surrogate Species in Conservation Biology. Conservation Biology. 2001.
Espécie Bandeira. Tamar. Acesso em: 09/2018.
Hunter, M. & Gibbs, J. Fundamentals of Conservation Biology. Malden: Blackwell Publishing. 2007.
O que é uma espécie bandeira. ((o))eco. Acesso em: 09/2018.
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