A membrana do tímpano recebe os estímulos sonoros do ambiente e transforma em vibrações, convertendo-os em sinais elétricos que serão transmitidos ao cérebro para serem interpretados. É uma estrutura de configuração delicada que pode sofrer uma ruptura em sua anatomia, que pode acarretar um certo grau de surdez no indivíduo.
A ruptura do tímpano pode ocasionar uma perfuração em sua membrana de forma temporária ou permanente. A perfuração ocorre devido a uma alteração da organização das fibras de colágenos que constituem a camada intermediária da membrana timpânica.
A causa do rompimento pode ter diversas origens:
- Etiologia infecciosa – a ruptura pode ser causada por patologias como a otite média aguda ou crônica. A entrada de água contaminada na orelha média pode provocar doenças (bactérias como a Haemophilus influenzae e a Streptococcus pneumoniae são as maiores causadoras de infecções na orelha média). Uma disfunção da Trompa de Eustáquio pode lesionar a membrana também, como uma cicatrização atrófica.
- Etiologia traumática – através de impactos diretos na orelha, como: quedas, aumento de pressão atmosférica, compressão em ambiente aquático (mergulho), entrada de água na orelha média, higienização da orelha (inserção de objetos, como o cotonete, na orelha de forma incorreta); acidentes (traumatismo craniano); explosões e ruídos muito elevados.
- Iatrogênica – durante o procedimento médico de lavagem da orelha para a retirada de cerume. A perfuração pode acontecer caso o procedimento seja realizado de forma equivocada, uma vez que é lançado um jato de água para dentro da orelha. A miringotomia é outro procedimento que pode ocasionar uma ruptura na membrana timpânica, pois é realizada uma incisão na mesma para tratar certas patologias da orelha média.
Os sintomas acarretados pela perfuração do tímpano são a otalgia (dor de ouvido), a otorreia (saída de líquidos através do canal auditivo – como serosa, purulenta ou serossanguinolenta – causada por patologias), o zumbido, as vertigens alternobaricas (diferença na pressão entre as duas orelhas) e a perda parcial ou total da audição.
A evolução da perfuração ocorre da seguinte de duas formas: (1) quando a ruptura acontece em ambiente seco, há proliferação de camada epitelial nas margens e produção de tecido fibroso na camada média da membrana. É gerada uma crosta amarelada. (2) quando a ruptura se dá em ambiente úmido é de modo mais rápido, nas bordas da lesão são envolvidas por tecido epitelial e não há presença de crosta amarelada.
A prevenção pode ser feita através de algumas medidas: durante a higienização, não inserir cotonetes ou outros objetos na região mais profunda no canal auditivo; evitar o contato com pessoas que apresentam sinais de gripe; controle de rinites alérgicas.
Manutenção dos ouvidos secos (com a retirada de secreções e resíduos epiteliais da orelha), o uso de antibióticos ou processo cirúrgico como a timpanoplastia (em casos onde a lesão é maior, para reconstruir a membrana) podem ser necessários para o tratamento da condição.
Referências:
CORREIA, S. S. T. Lesões do Ouvido em Desportos Aquáticos. Trabalho de conclusão de curso (Mestrado) – Universidade de Medicina de Lisboa, Portugal, 2017.
DE OLIVEIRA, J. A. A. et al. Miringoplastia com a utilização de um novo material biossintético. Rev Bras Otorrinolaringol, v. 69, n. 5, p. 649-55, 2003.
FUKUCHI, I. et al. Tympanoplasty: surgical results and a comparison of the factors that may interfere in their success. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 72, n. 2, p. 267-271, 2006.
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