Um dos maiores problemas causados pela sociedade moderna é a geração excessiva de resíduos sólidos (ou lixo) e sua disposição final, que deve ser feita de forma adequada a fim de evitar a contaminação do meio ambiente e a disseminação de doenças. Aqui no Brasil, infelizmente, não é o que ocorre em grande parte dos casos e muitos municípios não possuem sistemas de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos adequados.
Embora isso venha diminuindo ao longo dos anos, os lixões ainda são uma realidade no Brasil. De acordo com uma pesquisa do IBGE, até 2008 metade dos municípios brasileiros (50,8%) ainda depositavam seus resíduos sólidos em lixões, que também são conhecidos como vazadouros a céu aberto. Em 1989 essa era a realidade de 88,2% dos municípios e, em 2000, de 72,3%. Isso levou o governo a instituir em 2010 uma lei específica para acabar com os lixões, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelecia um prazo para que os municípios brasileiros erradicassem os lixões até o ano de 2014. Como 60% dos municípios não se adequaram, o prazo para o fim dos lixões foi prorrogado para entre 2018 e 2021 — para capitais e municípios de regiões metropolitanas o prazo é menor, enquanto para os de fronteira e aqueles com menor número de habitantes, um pouco maior.
Nos lixões, o lixo é simplesmente depositado sobre o solo, a céu aberto, sem qualquer medida de controle ambiental ou sanitário. E os problemas decorrentes disso são fáceis de prever. Como nos lixões o solo não é impermeabilizado, o chorume, que é o líquido formado pela degradação de compostos orgânicos, se infiltra no solo, podendo contaminar águas subterrâneas. Além da formação do chorume, a decomposição da matéria orgânica produz diversos gases, principalmente metano (CH4) e gás carbônico (CO2), que são gases de efeito estufa e, portanto, contribuem para o aquecimento global. Nos aterros sanitários, método ambientalmente seguro para a disposição final dos resíduos sólidos, o solo é impermeabilizado e os gases são drenados, minimizando estes problemas.
Os problemas causados pelos lixões vão além do meio ambiente, afetando também a saúde pública e as esferas social e urbana. O lixo acumulado a céu aberto oferece alimentação e abrigo para diversos animais que podem ser potenciais transmissores de doenças — tanto de forma direta como indireta —, como insetos, cachorros, porcos, cavalos, aves, ratos etc. O acúmulo de água em entulhos, por exemplo, serve de criadouro para o Aedes aegypti, transmissor da dengue, febre amarela, zika e chikungunya. Além disso, muitas famílias tiram seu sustento da venda de materiais recicláveis que encontram nos lixões, trabalhando em condições extremamente degradantes e insalubres. Do ponto de vista urbano, os vazadouros a céu aberto também levam à desvalorização imobiliária do entorno por conta dos odores desagradáveis e de todos estes problemas mencionados.
Referências:
Consumo sustentável: Manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/ MEC/ IDEC. 2005.
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. IBGE. 2008.
Senado aprova prorrogação do prazo para extinção de lixões. G1. 2015.
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