As Guerras Médicas foram conflitos ocorridos durante o que chamamos de Período Clássico da Grécia Antiga, especialmente entre os anos de 490 e 479 a.C., entre os gregos e os persas. Por isso muitas vezes elas são chamadas também de Guerras Greco-Persas. O conflito entre os dois grupos ocorreu em torno do poder e do controle do comércio marítimo.
Os gregos foram formados por diversos povos: aqueus, jônios, dórios, eólios. Do outro lado estavam os povos medo-persas, que formavam o Império de Aquemênida, comandado por Dário I, que era um ponto importante sobre o Mediterrâneo. À época os gregos estavam em processo de expansão e colonização. Durante o Período Arcaico – que antecedeu o Período Clássico – houve um crescimento populacional entre os gregos, e as terras agrícolas do seu território não eram suficientes para subsistência de sua população. Assim, os gregos expandiram-se e conquistaram novas regiões, em um processo de colonização que teve como prática a fundação de colônias ao longo do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro. Esse processo de expansão fomentou o comércio marítimo entre as colônias e por todo o Mediterrâneo. Neste cenário de conquista de novas terras os gregos articulavam conquistas no oriente, e a proximidade com a Ásia Menor era estratégica. No século VI a.C. as cidades gregas da costa da Anatólia já estavam sob dominação persa. Uma das regiões colonizadas pelos gregos foi a Jônia, atual Turquia. E a disputa pela Jônia foi o pontapé inicial para as Guerras Médicas. A expansão persa sobre o ocidente colocou limites à expansão grega sobre o oriente, limitando sua capacidade de dominar e estender rotas. Mileto, por exemplo, estava localizada em um ponto estratégico e exercia hegemonia na região do Mar Negro, que era fundamental para o controle do estreito de Bósforo. Ao olhar um mapa da região percebe-se como o Estreito de Bósforo fazia a conexão entre o território grego e o oriente e portanto, figurava como ponto estratégico para o comércio marítimo e como porta de entrada que separava oriente e ocidente. Por ele passavam diversos produtos para suprimento, como trigo e peles.
Se por um lado os gregos estavam em processo de expansão e colonização, os persas estavam organizados em um Império, também com pretensões expansionistas sobre o ocidente. Os persas conseguiram conquistar diversas colônias gregas na Ásia Menor, incluindo Mileto, uma importante cidade grega. Mileto buscou auxílio de Atenas para se verem livres dos persas. Dário I enviou um exército à Grécia Continental e sua ostensiva deu início às Guerras Médicas.
Inicialmente os persas venceram diversas batalhas. Somente em 490 a.C. os gregos conseguiram uma vitória sobre os persas. Após batalha conseguiram expulsar os persas em Maratona. Somente dez anos depois é que Xerxes, filho de Dário I, organizou uma invasão à Grécia de grandes proporções. Neste cenário os gregos voltaram a perder algumas batalhas, mas, conseguiram temporariamente barrar as invasões persas e para sua defesa criaram uma Aliança que fosse capaz de unir os diferentes povos gregos e protege-los dos ataques persas. A Liga de Delos tinha Delos como sua cidade sede, mas consolidou o poder de Atenas, já ameaçada de uma nova invasão persa.
Milcíades liderou os gregos contra a tentativa de invasão persa. A frota persa chegou pelo mar e os atenienses chamaram reforço de Esparta, atém então também pertencente à Liga de Delos. Milcíades teria enviado Fidípedes à Esparta para avisá-los da invasão persa. Ele teria corrido aproximadamente 200 quilômetros durante um dia para cumprir a tarefa. Os persas eram muito mais numerosos do que os gregos, porém, estes conseguiram cercar os persas, que saíram derrotados da batalha de Maratona. A batalha leva esse nome porque Fidípedes, após a vitória grega, teria sido enviado pelo líder da expedição grega Milcíades para Atenas, a fim de anunciar a vitória. Após correr os quarenta e dois quilômetros que separavam Atenas e Maratona Fidípedes caiu morto de exaustão.
Ainda que Milcíades tenha vencido a batalha contra os persas, seu poder não durou muito tempo. Ele invadiu ilhas no mar Egeu e abusou do poder na região, cobrando altos impostos e por isso foi considerado tirano.
Xerxes estava à frente dos persas. Ele se preparou para atacar os gregos e partiu em direção ao ocidente em 480 a.C. Novamente os persas estavam em maior número mas os gregos, por conhecerem bem a região, conseguiram conter o ataque. A estratégia utilizada pelos gregos foi a de segurar os persas no desfiladeiro das Termópilas, um local estreito e que inviabilizava o uso da cavalaria, além disso o formato das lanças persas era mais curto, não alcançando a altura e a distância necessárias na localização em que ficaram confinados pela estratégia grega. Xerxes sugeriu que os espartanos se entregassem pois estavam mesmo em um número muito inferior aos persas. Mas os gregos não se renderam e o conflito prosseguiu.
A grande ameaça era sobre a cidade de Atenas. A frota grega evacuou Atenas e os gregos buscaram abrigo para mulheres e crianças na Ilha de Salamina, próxima à Atenas. Enquanto isso, Atenas fora saqueada e incendiada. Foi completamente destruída pelos persas. Temístocles, que após as acusações de tirania contra Milcíades comandava os gregos, buscava atrair os persas para a região de Salamina e forçar o combate, no que ficou conhecida como Batalha de Salamina. Os gregos saíram vitoriosos, sob o comando de Temístocles, que ainda insistiu na continuação do duelo, mas desta vez na região da Ásia Menor e não nas cidades gregas. No entanto, Esparta – a grande força militar da Liga de Delos – discordou da proposta de Temístocles temendo uma nova invasão da região do Peloponeso.
Os conflitos entre persas e gregos continuaram e somente em 479 a.C. os persas voltaram a invadir o território grego, que comandados por Pausânias venceram o Império Persa, que por sua vez retiraram-se do território grego. A guerra acabou com a vitória grega mas a ascensão de Atenas entre os gregos e o descontentamento de Esparta originou a criação de uma aliança que se opôs a Lida de Delos, a Liga do Peloponeso, e que gerou a disputa entre as duas principais cidades gregas Esparta e Atenas, que se enfrentaram na Guerra do Peloponeso.
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Referência:
GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013.
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