Seleção natural

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A seleção natural é um dos mecanismos condutores do processo evolutivo que, por sua vez, é a mudança das populações ao longo do tempo. Ela consiste no processo pelo qual os indivíduos de uma população que estão mais bem adaptados a determinada condição do ambiente são favorecidos por possuírem mais chances de sobreviver e reproduzir que aqueles menos adaptados.

Embora a maior parte dos livros didáticos atribua a elaboração da teoria da Seleção Natural a Charles Darwin (1809-1882), muitos autores defendem que Alfred Russel Wallace (1823-1913), outro naturalista britânico, é co-autor dessa teoria.

Charles Darwin, autor da Teoria da Seleção Natural.

Em 1831, Darwin iniciou uma viagem de cinco anos ao redor do mundo e, durante essa viagem, desenvolveu a hipótese de que a diversidade de organismos existentes na natureza seria resultado de um longo processo evolutivo, o qual seria conduzido, principalmente, por um mecanismo que chamou de seleção natural. Darwin começou a escrever uma versão detalhada de sua teoria em 1850 e passou anos trabalhando nela. Em 1858, foi surpreendido por uma carta de Wallace acompanhada de um manuscrito que continha ideias muito similares às suas. Neste mesmo ano, Darwin e Wallace fizeram uma publicação conjunta de seus artigos no Journal of the Linnean Society of London. No ano seguinte Darwin publicou a primeira edição do seu livro A Origem das Espécies, no qual trabalhou a ideia de descendência com modificação por meio de seleção natural.

Ambos naturalistas chegaram às mesmas ideias independentemente e influenciados por uma obra do economista Thomas Malthus sobre populações humanas. Basicamente, Malthus defendia que as populações não crescem indefinidamente por conta de fatores que impõem limites ao seu crescimento, como escassez de recursos, doenças, guerras e outras catástrofes. Darwin e Wallace entenderam que esse princípio também era aplicável a outras espécies. O crescimento populacional acentua a competição por recursos e quem sobrevive a essa disputa acaba ampliando suas chances de reproduzir e deixa mais descendentes – eis a seleção natural. Considerando que os ancestrais são diferentes entre si e suas características são herdáveis, ao longo do tempo a população irá mudar e a evolução irá ocorrer.

Para que a seleção natural ocorra, são necessárias quatro condições básicas:

  • 1) Reprodução: os organismos devem se reproduzir para formar novas gerações;
  • 2) Variabilidade: deve haver diferenças entre os indivíduos da população;
  • 3) Hereditariedade: os descendentes devem herdar características dos seus progenitores.
  • 4) Variação na aptidão: alguns indivíduos devem ter maior probabilidade de se reproduzir (aptidão) que outros.

Neste contexto, vale ressaltar que a seleção natural não só é um dos mecanismos condutores da evolução, mas é o único que explica as formas de adaptação que encontramos na natureza de maneira consistente. Ela atua diretamente sobre o fenótipo dos organismos e indiretamente no genótipo, aumentando a frequência dos alelos que conferem vantagem adaptativa e diminuindo os alelos desvantajosos.

Um dos exemplos mais ilustrativos da seleção natural está na diversidade de bicos de aves que podemos observar na natureza. Embora compartilhem um ancestral comum, as aves possuem bicos bem diferentes entre si, perfeitamente adaptados aos alimentos que consomem: beija-flores, por exemplo, usam seu bico longo e fino para alcançar o néctar de que se alimentam mesmo em flores de corola comprida, enquanto gaviões usam seu bico curvo e afiado para dilacerar suas presas. Isso é fruto de milhares de anos de evolução e, por meio da seleção natural, a competição por recursos levou à formação dessa imensa diversidade que conhecemos hoje.

Referências:

Entendendo a Evolução. IB-USP

Reece, Jane B. et al. Biologia de Campbell. 10ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2015.

Ridley, Mark. Evolução. 3ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006.

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