A biologia evolutiva nasceu da vontade do homem de compreender a grande diversidade de organismos existente no mundo natural e a história da vida na Terra. E, graças ao vasto conhecimento acumulado desde a publicação dos trabalhos de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, esta disciplina se espalhou por todas as áreas da biologia.
Enquanto diversas disciplinas da biologia se ocupam em compreender como funcionam os organismos, a biologia evolutiva pode se relacionar a todas elas e nos levar a resposta de vários porquês. Do ponto de vista da bioquímica, por exemplo, podemos compreender como funcionam as mitocôndrias, mas sob uma perspectiva evolutiva, podemos questionar por que nós e tantas outras formas de vida possuímos estas organelas.
Hoje, além de nos fornecer respostas acerca da história da vida na terra e dos processos que levam à sua diversidade, a biologia evolutiva ultrapassa a ciência básica e possui aplicações em diversas áreas que vêm atendendo necessidades da sociedade, como medicina, agricultura e conservação da biodiversidade.
Medicina
A biologia evolutiva é extremamente relevante para a compreensão de determinados fenômenos relacionados à saúde humana. A maior incidência da anemia falciforme em determinadas regiões da África endêmicas de malária, por exemplo, só pode ser completamente compreendida à luz da evolução. Hoje se sabe que a alta frequência da hemoglobina defeituosa nestas regiões é mantida pela seleção natural, já que os alelos para a doença conferem também resistência à malária.
Um dos mais graves problemas de saúde pública da atualidade, a rápida evolução da resistência a drogas em diversos patógenos só pode ser inteiramente compreendido sob a ótica da seleção natural. E, se hoje o uso de antibióticos é tratado com muito mais cuidado que antigamente, devemos isso à teoria da evolução.
Agricultura
A evolução da resistência também é um problema da agricultura, já que várias pragas, como insetos e fungos, desenvolvem resistência a pesticidas. Por isso, os conhecimentos sobre evolução são fundamentais na busca de soluções para este problema, que também tem implicações para o meio ambiente e para a saúde pública. Inclusive, uma das estratégias utilizadas para conter o problema é promover, nas plantas, a seleção de genes que confiram resistência – o que também se relaciona à evolução.
Conservação
No que diz respeito à conservação da biodiversidade, a biologia evolutiva pode indicar áreas geográficas que carecem de maiores esforços de conservação, seja pela baixa riqueza de espécies, pela grande quantidade de espécies endêmicas ou pela baixa variabilidade genética, fatores que podem ser detectados por meio da sistemática filogenética, biogeografia evolutiva e genética de populações (todas elas disciplinas relacionadas à biologia evolutiva).
O estabelecimento de corredores ecológicos entre áreas fragmentadas, por exemplo, pode ser determinante para proteger populações isoladas dos efeitos negativos da endogamia (acasalamento entre parentes), caso sua variabilidade genética seja baixa. E os métodos para determinar se isso é necessário são do escopo da genética de populações (também parte da biologia evolutiva).
Dentre as tantas aplicações da biologia evolutiva para a sociedade, podemos citar ainda suas contribuições para o gerenciamento da pesca, para a indústria farmacêutica, previsões dos efeitos das mudanças climáticas e até mesmo em outros campos como a linguística, a engenharia e a economia.
Referências:
Futuyma, D. J. Evolução, Ciência e Sociedade (2002).
Waizbort, R.; Luz, M. Medicina Evolutiva: Incorporando a Teoria da Evolução na Formação de Profissionais de Saúde Brasileiros. Revista Brasileira de Educação Médica. 2017
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