Quando falamos sobre história da moda, principalmente aqui no Brasil, é impossível não relacionar às revistas. Cada uma com sua identidade e público, criando conteúdos tão marcantes e inspiradores. Aqui no Brasil, alguns títulos internacionais chegaram com tanta força na década de 1980, quando a cultura fashion estava em plena ebulição. Entre elas estava a Elle, fundada em 1945 em Paris, com seu conteúdo que prometia conquistar os brasileiros. A primeira edição Made in Brazil foi em 1988, com formato quadrado e capa verde e amarela. Lembro como se fosse ontem que, aos 18 anos, li a minha primeira Elle em português. As matérias sobre Christopher Lambert (meu ídolo na época), “O Gênio Gaultier” e “Como usar uma camisa branca ao estilo Elle” me conquistaram e ficaram na minha memória. A partir daí, virei leitora assídua da publicação. Assim que acabava de ler, já estava curiosa para saber o que estaria na edição do mês seguinte. Era uma cultura de leitura tão fascinante.
Ao longo da sua trajetória, a Elle encontrou uma linguagem única. Ela formou algumas gerações de fashionistas, com sua moda além do belo (e sobre beleza, a revista entendia bem!). As principais modelos do nosso país passaram pelas capas – de Gisele à Carol Trentini, passando por Alessandra Ambrósio, Izabel Goulart, Adriana Lima e por aí vai. Trouxe também nomes do cinema, tv e da cena artística de formas tão criativas e deslumbrantes. Sobre os temas, a Elle foi uma das primeiras a abordar sobre o empoderamento feminino, com muita força, trazendo matérias questionadoras e impactantes. Palavras e imagens que transformaram a nossa forma de ver a roupa, o comportamento e todo o conceito por trás da moda. Daquele jeito que a gente imagina que precisa ser.
A edição de agosto chegou às bancas na semana passada, com suas três capas feitas na Amazônia, falando sobre sustentabilidade e a busca por um equilíbrio, envolvendo a natureza e o nosso lifestyle. No mesmo mês que a publicação traz essa mensagem tão importante para os nossos dias, a editora Abril anuncia a descontinuação do título. É, sem dúvida, um dia triste para o mercado editorial no Brasil. Quando deixamos de ouvir mais uma voz da moda brasileira. Fica aqui a minha gratidão por tantas matérias e editoriais maravilhosos
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