O termo estresse hídrico é utilizado para descrever um cenário no qual, em uma determinada região, a demanda por água é maior do que a sua disponibilidade e capacidade de renovação. Neste tipo de situação a quantidade de água disponível é insuficiente para atender às necessidades de uso. Um país é considerado em situação de estresse hídrico quando a disponibilidade hídrica é inferior a 1.700 m3 per capita ao ano, segundo a ONU.
Entre as principais causas do estresse hídrico, destacam-se: desperdício de água; crescimento populacional e intensa urbanização com consequente aumento no consumo de água para fins domésticos, industriais, agropecuário, entre outros; poluição das águas pelo lançamento de esgotos, resíduos sólidos, despejos industriais e produtos químicos provenientes de atividades agrícolas; aquecimento global, que afeta diretamente o ciclo da água; desigualdades na distribuição de água e sistemas de abastecimento deficientes.
O estresse hídrico é uma realidade em muitas regiões do mundo e estima-se que em pouco tempo muitos outros locais irão fazer parte deste cenário. Dados da ONU revelam que até 2025 cerca de dois terços da população mundial estará vivendo sob condições de estresse hídrico. Algumas regiões inclusive já atingiram o quadro de escassez de água, como o Oriente Médio. Entre as regiões mais atingidas pelo estresse hídrico estão o norte da África, região do mediterrâneo (europeu e africano), sudeste asiático, nordeste da China, Austrália, Estados Unidos e México.
O crescimento da população e o desenvolvimento econômico são os principais fatores que contribuem para o aumento do consumo de água no mundo. Com isso, a quantidade de água consumida per capita cresce cada vez mais, porém a quantidade deste recurso no planeta permanece inalterada. A maior parte desse crescimento econômico ocorre nas regiões em desenvolvimento, como a África e a Ásia, as quais já possuem uma tendência de pouca disponibilidade de água. No caso dos países desenvolvidos o problema é outro: a melhoria nas condições de vida faz com que a utilização de água per capita aumente.
Com relação à disponibilidade hídrica, o Brasil é um país privilegiado, apresentando aproximadamente 12% da água doce mundial. No entanto a distribuição deste recurso é extremamente desigual, com cerca de 68% concentrada na região Norte. Já a região Sudeste possui apenas 6% da reserva de água doce do país. Ou seja, as regiões mais populosas apresentam a menor disponibilidade hídrica. A região Nordeste é a que mais sofre com o estresse hídrico, pois é a mais árida do país, passando por longos períodos de seca.
Os impactos causados pelo estresse hídrico são muitos, desde problemas ambientais e sociais até políticos e econômicos. Destaca-se também a possibilidade do acontecimento de guerras, antes ocorridas apenas pela disputa de terra, petróleo ou outro recurso. As possíveis soluções para evitar a continuidade da crise da água incluem a utilização de tecnologias que consumam menor quantidade de água na irrigação, o consumo consciente de água, evitar a poluição das águas, realizar o gerenciamento dos resíduos e o tratamento de efluentes de forma eficiente, melhorar as redes de abastecimento, além da ação do governo no estabelecimento de leis e incentivos que estimulem a tomada de consciência por parte de todos de que a água é um recurso limitado.
Referências:
Bates, B. C. et al., El Cambio Climático y el Agua. Documento técnico del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el Cambio Climático. Ginebra: Secretaría del IPCC, 2008. 224 p.
Mello, M. C. S. 2010. A crise hídrica no cenário mundial: análise de suas causas, consequências e proposição de soluções que possibilitem a reversão desse quadro. Monografia de Pós-graduação, Instituto A Vez do Mestre, Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro.
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