A biodegradação consiste no processo natural de transformação de compostos orgânicos em compostos simples. Ocorre no meio ambiente pela ação de seres vivos, sobretudo os microscópicos (bactérias, fungos e algas) e é fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas. Os microrganismos que atuam nesse processo são chamados de decompositores e utilizam parte da matéria orgânica contida no material biodegradável como fonte de nutrientes para a realização de suas atividades metabólicas. A outra parte desta matéria é devolvida ao meio na forma de compostos mais simples, como gás carbônico, nitratos e fosfatos, e são utilizados novamente pelos seres vivos produtores ou reintroduzidos nos ciclos biogeoquímicos.
Materiais biodegradáveis são todos que, pela ação dos microrganismos, sofrem decomposição quando entram em contato com o meio ambiente. Basicamente, materiais de origem animal e vegetal são biodegradáveis, como folhas, galhos, animais mortos, frutas, restos de comida, etc. O papel, por exemplo, proveniente da madeira de árvores, é biodegradável. Materiais não biodegradáveis são os que não se decompõem naturalmente, podendo levar centenas de anos para desaparecerem, como vidros, plásticos, metais, latas de alumínio e outros. A biodegradação pode ser realizada de forma aeróbica (presença de oxigênio) e anaeróbica (ausência de oxigênio).
A preocupação mundial com o meio ambiente tem aumentado nos últimos anos, principalmente com relação ao gerenciamento de resíduos. Nesse sentido, a biodegradação é vista como uma das alternativas que contribuem para a preservação ambiental, diminuindo o tempo de permanência dos resíduos na natureza. Muitas pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de fabricar produtos biodegradáveis e atualmente é possível encontrar no mercado diversos produtos com essa característica, sendo identificados com um selo especifico.
Um material que tem sido foco de muitas pesquisas é o plástico, um produto extremamente versátil e utilizado em praticamente todas as atividades industriais. Os plásticos convencionais são derivados do petróleo e alguns tipos podem levar séculos para se degradar. Plásticos biodegradáveis são geralmente produzidos utilizando o amido de milho, de arroz e de mandioca e podem ser utilizados na fabricação de diversos produtos: embalagens, talheres, sacolas, sacos de lixo, fraldas, seringas, etc. Assim, quando em contato com o meio ambiente, esses plásticos são biodegradados com relativa facilidade pela ação dos microrganismos.
Outra importante aplicação da biodegradação é no tratamento de esgoto. Nas estações de tratamento, os efluentes compostos por substâncias biodegradáveis são submetidos a processos biológicos (aeróbios e anaeróbios), nos quais sofrem ação dos microrganismos de maneira otimizada e controlada. O objetivo é estabilizar a matéria orgânica presente no efluente, que em seguida será lançado em um corpo d’água. Outro processo, a compostagem, utiliza a ação de microrganismos para decompor a matéria orgânica contida em restos de origem animal e vegetal, propiciando um destino correto aos resíduos orgânicos.
É importante destacar que a biodegradação necessita de algumas condições adequadas para acontecer, como temperatura, ph, concentração de oxigênio, quantidade de microrganismos, entre outras, ou seja, o fato de um produto ser biodegradável não significa que ele poderá ser descartado em qualquer local. Além disso, durante a decomposição dos produtos biodegradáveis ocorre a liberação de gases de efeito estufa, como o metano. O ideal é que nos aterros este gás seja recolhido e utilizado como fonte de energia. Fica evidente que o uso indiscriminado e o gerenciamento incorreto de produtos biodegradáveis contribuem para o aumento da poluição ambiental. Portanto, é fundamental aliar o uso de materiais biodegradáveis à adoção de práticas que colaborem efetivamente com o desenvolvimento sustentável, como a redução, a reutilização e a reciclagem de produtos.
Referências:
Cangemi, J. M.; Santos, A. M.; Claro Neto, S. Biodegradação: uma alternativa para minimizar os impactos decorrentes dos resíduos plásticos. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc22/a03.pdf
Viana, M. B. Sacolas plásticas: aspectos controversos de seu uso e iniciativas legislativas. Ed. 1Brasília/DF: Câmara dos Deputados, Consultoria Legislativa, 2010, 24p. Disponível em: <http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/4686>
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