O adjetivo constitui a classe de palavra definida por criar possibilidades de extensão dos sentidos denotados pelo substantivo. Em outras palavras, os adjetivos definem-se por delimitar um campo de significações para o substantivo, como, por exemplo, a atribuição de uma qualidade. Ou ainda, caracterizam-se por atribuir um predicado ao nome.
Com relação ao significado extralinguístico apresentado pelos adjetivos, a gramática define-os como vocábulos com significado lexical; aqueles que possuem um sentido existente antes (ou fora) da palavra. O significado dos adjetivos corresponde a um referente no mundo, um objeto ou algo que possui existência fora da linguagem. São as palavras da categoria lexemáticas, pois possuem significado extralinguístico.
Quanto à formação, o adjetivo pode ser:
- Primitivo: que não deriva de outra palavra (exemplo: forte). De acordo com Celso Cunha e Lindley Cintra, os adjetivos primitivos designam por si só uma qualidade sem referência a uma substância ou ação; grande, curto, escuro. É o caso da maioria dos adjetivos referentes às cores: branco, azul, amarelo, etc.
- Derivado: que deriva de outras formas lexicais, como substantivos ou verbos (exemplo: famoso, querido), e possuem relações semânticas com as palavras das quais se originam.
- Composto: formado por mais de um elemento, como por exemplo, um termo lexical com uma desinência, ou por dois termos lexicais (exemplo: adjetivos pátrios: africano, europeu, brasileiro)
Quanto à quantidade de palavras:
Conforme Evanildo Bechara, “o adjetivo pertence a um inventário aberto”, (BECHARA, 2009, p. 142), o que significa afirmar que não possui uma limitação de vocábulos nesta classe.
No que se refere à estrutura, o adjetivo se constitui de um signo lexical realizado pelo radical, combinado ao signo morfológico realizado pelas desinências e alternâncias, ambas destituídas de significação própria fora dessas combinações.
Por exemplo: caro - caríssimo
Os substantivos e os adjetivos, descrito por Evanildo Bechada por: “signo delimitado” e “signo delimitador”, respectivamente; estabelecem relação gramatical de concordância na frase. Por exemplo: O aluno estudioso tirou uma boa nota na avaliação.
Esta concordância, no português, ocorre pelas desinências com marcas de grau (absoluto ou relativo), com os afixos de gênero (masculino e feminino), e de número (singular e plural).
Em resumo, o adjetivo classifica-se por modificar o substantivo, além dos pronomes substantivos, conferindo-lhes, de modo geral, características, estados, modos, origem, dentre outros tipos de predicados.
Instrumentos gramaticais de determinação dos nomes
Pela perspectiva da “Moderna Gramática Portuguesa” e de outras gramáticas modernas, o adjetivo possui a função delimitadora. Nesse sentido, ela apresenta as seguintes distinções:
- De explicação: os delimitadores explicadores destacam a característica do nome
Exemplo: O imenso universo. O vasto horizonte. - De especialização: os delimitadores especializadores marcam limites extensivos ou intensivos do substantivo, sem criar oposição a outros termos que o caracterizem.
Exemplo: “A vida inteira” (BECHARA, 2009, P.143) - De especificação: os delimitadores especificadores tornam restrito o campo de referência do signo determinado, podendo agregar outras especificações não inerentes ao seu significado. Esses adjetivos criam distinções.
Exemplo 1: ”castelo medieval, aves aquáticas” (BECHARA, 2009, P.143)
Exemplo 2: mulher / especificador: negra = mulher negraAplicam-se a termos que pertencem a uma classe mais extensa, criando outra classe dentro desta anterior. Para alguns estudiosos, esse tipo de especificação denomina-se “especificação distintiva”
Locução adjetiva
É o termo composto formado por preposição e uma forma nominal, a exemplo do substantivo, com função de adjetivo.
Exemplo: chuva de ouro, vento de outono, céu sem estrelas.
Substantivação do adjetivo
Ocorre quando os adjetivos são usados dentro de um contexto sem fazer referência a outro nome e exercendo o valor de substantivo na construção textual.
Exemplo: O fato é que o sistema não permite pensar muitas vezes. Os inocentes são os primeiros, em seguido levam os menos fortes, e por fim, os fracos.
Neste processo, como se nota no texto acima, o adjetivo poderia delimitar um substantivo, porém o delimitador prescinde do termo delimitado sem perda do sentido do texto.
Inocentes poderia acompanhar o substantivo homens, por exemplo.
Bibliografia:
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Editora Vozes. 1977.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. – 1. Ed., 4ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2016
CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
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